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Muito tem se falado de superciclo de commodites. Aqui falo o porque tenho um pé atrás e não acredito que podemos de fato estar diante de um ciclo ainda maior do que o que tivemos de 2002 a 2008.
Repare que ações do setor (tanto as commodities soft quanto materiais básicos) já começam a despontar (por exemplo, VALE3 ). No caso específico da Vale, o minério de ferro em alta já é uma realidade, por isso o movimento está mais justificado.
O fato é a maioria das commodities está perto das mínimas em mais de 25 anos. Sabemos que esse setor da economia, setor essencial, oscila em grandes ciclos e eu naturalmente acredito que não há espaço para mais quedas.
O último grande ciclo foi puxado pelo crescimento do Dragão Asiático, e nenhuma economia se apresenta como substituta desse carro chefe. Acredito que a China continuará a crescer no ritmo que teve na primeira década dos anos 2000 então é de se supor que esse novo ciclo deva de fato acontecer mas talvez não seja tão super assim.
O sistema financeiro global provou sua resiliência em 2020, na pior crise desde a grande depressão de 29 (subprime who?). Aqui vai uma dica preciosa: o mercado de capitais sempre será protegido. O New Deal focou em infraestrutura e se provou ineficiente. O Plano do Jerome Powell funcionou perfeitamente e ele não está recebendo o devido crédito por isso... parece que ele não fez mais que a obrigação. Talvez a idéia não tenha sido dele. Talvez devêssemos agradecer ao Ben Bernake ao invés de acusá-lo, como muitos fazem, de causar a crise de 2008...
A liquidez é a chave para o sucesso da pirâmide financeira global. A elite que governa esse sistema (bancos centrais inclusos) quer se tornar ainda mais hegemônica, ela irá proteger-se a si mesma custe o que custar. E isso significa prover liquidez especialmente quando houver destruição massiva de riqueza. E prover liquidez para que seus investimentos e ativos se tornem ainda mais valiosos. Eles sabem que essa liquidez não pode jamais chegar as bases da pirâmide econômica, isso significaria uma destruição do poder que a retenção dessa liquidez dá a eles.
Uma pergunta, no entanto, muito importante e que ninguém parece muito interessado em responder é: porque o mercado de ações disparou mas o de commodities não? Parece em descompasso, parece que eles pertencem a mundos completamente diferentes. A resposta é: quando o preço das ações sobe, a oferta de ações não aumenta proporcionalmente. Isso implica que toda a liquidez injetada nele está mais segura. É um ótimo lugar, assim como os treasuries mas muito mais rentável, pra despeja e criar dinheiro do nada.
Um superciclo de commodities , por sua vez, é incontrolável. Ocasionará um superciclo de produção também, óbvio. Quem vai querer injetar dinheiro infinito nisso, sabendo que isso abrirá um buraco negro de produção para essa liquidez, um portal que transportará o dinheiro para o setor produtivo? Seria um desperdício. Isso também traria instabilidade para o mercado, mais trablho para os BACENs mundo a fora, uma vez que ciclos de super produção inflada artificialmente são como histórias de amor: sempre acabam em tragédia. Um outro ponto é que se um superciclo de commodites vier a acontecer significa prosperidade e aumento, ainda que não no longo prazo, de produção onde e para quem a elite não quer. Percebe o truque?
Concluo dizendo que acredito no ciclo de alta, o que justifica investimentos em empresas do setor mas não estou tão otimista quanto os movimentos indicam que os investidores estão.
Repare que ações do setor (tanto as commodities soft quanto materiais básicos) já começam a despontar (por exemplo, VALE3 ). No caso específico da Vale, o minério de ferro em alta já é uma realidade, por isso o movimento está mais justificado.
O fato é a maioria das commodities está perto das mínimas em mais de 25 anos. Sabemos que esse setor da economia, setor essencial, oscila em grandes ciclos e eu naturalmente acredito que não há espaço para mais quedas.
O último grande ciclo foi puxado pelo crescimento do Dragão Asiático, e nenhuma economia se apresenta como substituta desse carro chefe. Acredito que a China continuará a crescer no ritmo que teve na primeira década dos anos 2000 então é de se supor que esse novo ciclo deva de fato acontecer mas talvez não seja tão super assim.
O sistema financeiro global provou sua resiliência em 2020, na pior crise desde a grande depressão de 29 (subprime who?). Aqui vai uma dica preciosa: o mercado de capitais sempre será protegido. O New Deal focou em infraestrutura e se provou ineficiente. O Plano do Jerome Powell funcionou perfeitamente e ele não está recebendo o devido crédito por isso... parece que ele não fez mais que a obrigação. Talvez a idéia não tenha sido dele. Talvez devêssemos agradecer ao Ben Bernake ao invés de acusá-lo, como muitos fazem, de causar a crise de 2008...
A liquidez é a chave para o sucesso da pirâmide financeira global. A elite que governa esse sistema (bancos centrais inclusos) quer se tornar ainda mais hegemônica, ela irá proteger-se a si mesma custe o que custar. E isso significa prover liquidez especialmente quando houver destruição massiva de riqueza. E prover liquidez para que seus investimentos e ativos se tornem ainda mais valiosos. Eles sabem que essa liquidez não pode jamais chegar as bases da pirâmide econômica, isso significaria uma destruição do poder que a retenção dessa liquidez dá a eles.
Uma pergunta, no entanto, muito importante e que ninguém parece muito interessado em responder é: porque o mercado de ações disparou mas o de commodities não? Parece em descompasso, parece que eles pertencem a mundos completamente diferentes. A resposta é: quando o preço das ações sobe, a oferta de ações não aumenta proporcionalmente. Isso implica que toda a liquidez injetada nele está mais segura. É um ótimo lugar, assim como os treasuries mas muito mais rentável, pra despeja e criar dinheiro do nada.
Um superciclo de commodities , por sua vez, é incontrolável. Ocasionará um superciclo de produção também, óbvio. Quem vai querer injetar dinheiro infinito nisso, sabendo que isso abrirá um buraco negro de produção para essa liquidez, um portal que transportará o dinheiro para o setor produtivo? Seria um desperdício. Isso também traria instabilidade para o mercado, mais trablho para os BACENs mundo a fora, uma vez que ciclos de super produção inflada artificialmente são como histórias de amor: sempre acabam em tragédia. Um outro ponto é que se um superciclo de commodites vier a acontecer significa prosperidade e aumento, ainda que não no longo prazo, de produção onde e para quem a elite não quer. Percebe o truque?
Concluo dizendo que acredito no ciclo de alta, o que justifica investimentos em empresas do setor mas não estou tão otimista quanto os movimentos indicam que os investidores estão.
Análise aqui é apenas um estudo. Não se trata de recomendação de compra ou venda. Qualquer ponto de entrada, alvos de realização ou stops indicados são, apenas, para avaliar a assertividade da análise.
Comentários
Em primeiro lugar, o Barnanke não resolveu um problema. Ele jogou o problema pra frente, e os EUA só estão conseguindo conter uma depressão porque estão imprimindo dinheiro. Muito dinheiro.
o Powell tentou reduzir a emissão de dinheiro em 2018, e as bolsas de valores americanas não gostaram nem um pouco. Em 2020, a solução mais uma vez foi a mesma: imprimir dinheiro e jogar o problema pra frente. Só que uma hora isso não funciona mais.
Outro ponto que discordo: as elites adoram a inflação. É um dos mecanismos de transferência de renda mais eficientes que existem: o pobre, que não tem bens e nem investe no mercado de commodities, é obrigado a arcar com os custos mais altos das commodities pra sobreviver, mas seu patrimônio não acompanha junto. Muito pelo contrário, ele se desvaloriza. Enquanto que o patrimônio das elites segue se valorizando (aumentando assim a diferença de renda e a desigualdade social).
Em terceiro lugar, um super ciclo de commodities não aumenta a produção em maior grau do que o aumento da demanda. É a famosa lei da oferta x demanda: se a demanda é maior que a oferta, os preços sobem. Um super ciclo de commodities é isso: uma busca maior por commodities do que o mercado conseguir suprir, elevando os preços - e a ponta que sente isso é quem? Acertou: o pobre que não consegue mais comprar carne, por exemplo.
E por fim, nem toda história de amor termina em tragédia. Muito pelo contrário, a maioria das histórias de amor na literatura, cinema etc terminam "felizes para sempre". E no mundo real também, apesar de que em menor grau. Todo casal passa por altos e baixos, mas daí a dizer que a maioria termina em tragédia (sim, no conceito do teatro, de final triste) é muita descrença no amor.
Abraço!