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Simetria do Gráfico e Assimetria de Mercado

BMFBOVESPA:CIEL3   CIELO ON NM
Visão do gráfico
Quem já leu os livros do lendário Marcio Noronha sabe que ele é fã de simetria, se não estou enganado, é um dos proponentes da tese de que o gráfico de preço de ações tende a espelhar os movimentos do passado. Cielo é um caso desses de simetria que é difícil de negar. Papel completou um movimento de queda em 2020 que espelhou toda a alta desde do IPO. Marquei no gráfico os pontos que são opostos nas duas fases. Um final acabou não espelhando perfeitamente mas mesmo assim a simetria é digna de nota, diria até ser um caso de livro.

Hoje Cielo está é um ponto de decisão, porque, assim como também explica o Primeiro Grafista, é comum que papéis que rompem a mínima histórica tenham mais desvalorização ainda. Então, analisando apenas o gráfico, diria que a probabilidade de queda para Cielo é maior que a de alta.

Visão Fundamentalista
Senso comum afirma que Cielo perdeu mercado e por isso se desvalorizou tanto. No entanto, do fim de 2017 até agora, Cielo perdeu 69,3% do valor de mercado, enquanto a queda de receita foi de 18% para o mesmo período. Na verdade o que de fato afetou o preço foi a forma como a companhia reagiu a concorrência, diminuindo drasticamente as margens o que levou a uma queda de 90% no lucro líquido, algo que justifica melhor a queda nos preços do papel.

O lucro, no entanto, é uma métrica que flutua mais (embora no caso de Cielo parece haver uma bigorna amarrada a essa flutuação) não seria impossível que a companhia mudasse a estratégia e assumisse o risco de uma perda real de mercado em troca de margens maiores o que a favoreceria perante o mercado na minha visão (mercado quer lucro). Houve uma tentativa de estancar a sangria de queda do papel mantendo o dividend yield, mas foi abandonada em 2020 e na verdade se mostrou ineficaz.

Por isso ainda acredito que Cielo possa estar subvalorizada. Se o papel voltar a reportar lucro, é claro. Hoje tem a menor razão Market Cap/Receita (T) da sua história e negocia num valor quase 7x menor que o patrimônio descontado da dívida. Só de caixa, tem agora quase 7 bi (segundo o Sr. Mercado o papel vale 9,645 bi). Para essas métricas, papel está barato.

PIX
O problema, além do clichê da concorrência que se mantém viva, é a novidade do PIX. O PIX pode reduzir drasticamente o volume de pagamento via débito, uma das principais fontes de receita das maquininhas. O PIX pode também acabar com a necessidade de maquininhas de pagamento. A Cielo já anunciou que suas máquinas estarão adaptadas para a novidade, mas por que o comerciante teria uma maquinha se ele pode receber o pagamento pelo celular sem custo? Ele pode muito bem dispensar o crédito. Isso pode reduzir muito a receita de Cielo, o que seria desastroso com as margens atuais.


Conclusão
Talvez essa novidade de PIX (afinal smart money sabe antes) já esteja precificada em Cielo e caso ela consiga se adaptar bem poderíamos ver o papel voltar a subir. Por simetria poderia alcançar os 11,44. A Cielo não precisa retomar a glória do passado, precisa apenas se mostrar um empresa confiável, mantendo as margens que pré-COVID. Eram pequenas? Eram, mas seriam suficientes. Considerando que voltaremos para no mínimo uma condição semelhante ao final de 2019, acho que vale dar uma chance. Eu evitaria as mínimas históricas pelo motivo relatado lá em cima (mínimas históricas podem ser um alçapão para o preço).
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