A China pode armar os elementos de que mais precisamos?A dominância da China no processamento de elementos de terras raras (REE) transformou esses materiais estratégicos em uma arma geopolítica. Embora a China controle cerca de 69% da mineração global, seu verdadeiro poder reside no processamento, onde detém mais de 90% da capacidade global e 92% da fabricação de ímãs permanentes. Os controles de exportação de Pequim para 2025 exploram esse estrangulamento, exigindo licenças para tecnologias REE usadas mesmo fora da China, estendendo efetivamente o controle regulatório sobre cadeias de suprimentos globais. Essa "jurisdição de braço longo" ameaça indústrias críticas, desde a fabricação de semicondutores até sistemas de defesa, com impactos imediatos em empresas como a ASML, que enfrentam atrasos em remessas, e fabricantes de chips dos EUA correndo para auditar suas cadeias de suprimentos.
A vulnerabilidade estratégica penetra profundamente na capacidade industrial ocidental. Um único caça F-35 requer mais de 900 libras de REE, enquanto submarinos da classe Virginia precisam de 9.200 libras. A descoberta de componentes fabricados na China em sistemas de defesa dos EUA ilustra o risco de segurança. Ao mesmo tempo, a revolução dos veículos elétricos garante um crescimento exponencial da demanda. A demanda apenas por motores de VE é projetada para atingir 43 quilotoneladas em 2025, impulsionada pela prevalência de motores síncronos de ímã permanente que travam a economia global em uma dependência persistente de REE.
As respostas ocidentais por meio da Lei de Materiais Críticos da UE e financiamento estratégico dos EUA estabelecem metas ambiciosas de diversificação, mas análises da indústria revelam uma dura realidade: o risco de concentração persistirá até 2035. A UE visa 40% de processamento doméstico até 2030, mas projeções mostram que os três principais fornecedores manterão seu estrangulamento, retornando efetivamente aos níveis de concentração de 2020. Essa lacuna entre ambição política e execução física decorre de barreiras formidáveis: desafios de licenciamento ambiental, requisitos de capital massivos e a mudança estratégica da China de exportar matérias-primas para fabricar produtos de alto valor downstream que capturam o máximo de valor econômico.
Para investidores, o ETF VanEck Rare Earth/Strategic Metals (REMX) atua como um proxy direto para risco geopolítico, em vez de exposição tradicional a commodities. Os preços do óxido de neodímio, que despencaram de US$ 209,30 por kg em janeiro de 2023 para US$ 113,20 em janeiro de 2024, devem disparar para US$ 150,10 até outubro de 2025 volatilidade impulsionada não por escassez física, mas por anúncios regulatórios e weaponização de cadeias de suprimentos. A tese de investimento se baseia em três pilares: o monopólio de processamento da China convertido em alavancagem política, demanda exponencial por tecnologia verde estabelecendo um piso de preço robusto e política industrial ocidental garantindo financiamento de longo prazo para diversificação. O sucesso favorecerá empresas que estabelecem cadeias de suprimentos verificáveis e resilientes em processamento downstream e fabricação de ímãs fora da China, embora os altos custos de suprimentos seguros, incluindo auditorias obrigatórias de cibersegurança e conformidade ambiental, garantam preços elevados no futuro previsível.
Ideias de negociação
REMX ETF de terras raras ( bolsa americana )Muito se tem falado sobre as famosas terras raras, e apesar de o gráfico do ETF REMX não apresentar grandes sinais técnicos que apontem para trade, vale destacar que o preço segue acima da média de 200 períodos e o último fundo é mais alto que o anterior. Mesmo sendo uma movimentação discreta, considerei pertinente trazer essa análise, principalmente pelo contexto global favorável ao setor.
O ETF REMX busca replicar o desempenho de empresas envolvidas com mineração, refino e produção de terras raras e metais estratégicos. Esses elementos são fundamentais na fabricação de tecnologias modernas como veículos elétricos, turbinas eólicas, baterias e componentes eletrônicos. A carteira do ETF é composta por empresas de países como China, Austrália, Estados Unidos e Chile, refletindo o caráter global do setor.
Vale destacar que este é um mercado com alto potencial, mas também com volatilidade relevante, em parte por fatores geopolíticos e dependência da China. O REMX é mais indicado para investidores com perfil de risco mais elevado, que acreditam na tese de longo prazo desse setor. Fica o alerta para sempre avaliar com cuidado antes de investir em ativos com essa característica.
Disclaimer : Esta análise tem fins exclusivamente educacionais e não constitui recomendação de compra ou venda de ativos. Faça sempre sua própria avaliação antes de investir.