O Airbnb vê um aumento na procura após o bloqueio do coronavírus em Portugal. Qual é a previsão para a temporada turística deste ano em Portugal?
A atual crise em que o mundo se encontra, está a meter diversas empresas em dificuldades financeiras obrigando estados a terem de ajudar de forma a impedir que os setores mais atingidos entrem numa situação ainda menos favorável.
Os setores estratégicos dos serviços e do turismo têm sido os mais afetados. A grande maioria dos desempregados vem de atividades ligadas ao turismo tendo representado cerca de 73% da subida verificada logo no mês de março. Também os últimos dados revelam que a região do Algarve foi a que registou o maior aumento homólogo do desemprego nos meses de abril e maio.
O rápido impacto da pandemia no mercado laboral já fazia prever o deteriorar da economia nacional. Na passada semana, a Comissão Europeia reviu em baixa as projeções macroeconómicas para o conjunto da zona euro e da UE, e mostrou-se particularmente mais pessimista relativamente a Portugal, ao agravar a projeção de recessão em três pontos percentuais. Esta diferença deve-se a um desempenho pior do que o esperado no primeiro trimestre e a uma recuperação mais lenta do que o previsto no turismo estrangeiro, particularmente no número de voos, e também no atraso da reabertura da fronteira com Espanha.
Apesar do turismo ter sido o setor mais afetado, com as visitas a colapsarem quase 100% em abril relativamente ao ano anterior, a procura começa agora a crescer, mas desta vez de forma diferente. O turismo vai ser praticamente nacional e os preços praticados terão possivelmente de sofrer ajustamentos. Segundo um artigo do ECO, os pedidos de baixa de preços são muitos chegando por vezes aos 80% do valor inicial.
A procura agregada não só é menor do que antes da pandemia, como é também mais fraca a nível de poder de compra. Sendo grande parte do turismo nacional proveniente do Reino Unido, o facto de Portugal constar na lista negra do Governo britânico como um país onde não é seguro viajar – obrigando os ingleses que regressem ao seu país a partir de Portugal a terem de cumprir um período de quarentena de 14 dias à chegada - não ajuda certamente o setor. A magnitude do quão o setor será afetado é difícil de prever, mas será certamente um ano difícil e diferente dos últimos.
Frederico Aragão Morais, Market Analyst
Teletrade Portugal