A importância do subsídio de desemprego para a economiaNuma altura em que democratas e republicanos estiveram em conflito durante o fim de semana sobre o novo pacote de estímulos à economia, importa abordar aqui o tema principal que tem estado em discussão – a extensão dos subsídios de desemprego que expiraram na sexta-feira passada. Benefícios e limitações desta medida (aplicada aos Estados Unidos) A grande vantagem do subsídio de desemprego tem que ver essencialmente com o efeito do benefício na procura agregada uma vez que apoia o aumento do consumo e, portanto, a atividade económica global. Esta medida tem diversos benefícios macroeconómicos que ajudam a limitar a gravidade de uma recessão apoiando também empregos e rendimentos de milhões de trabalhadores e empresas que não receberam diretamente quaisquer benefícios. Nesta crise em específico, o subsídio de desemprego representou 6,4% do rendimento pessoal disponível no mês de maio, superando largamente o seu pico pré-epidémico de 1,5%. O efeito multiplicador (impacto da medida em variáveis endógenas) é muito alto, uma vez que dá dinheiro às pessoas quando os seus rendimentos são temporariamente baixos, ajudando-as a suavizar o seu consumo e, assim, impulsionando o consumo total. A existência deste estabilizador automático (que entra em vigor quase de forma mecânica quando uma pessoa se torna desempregada) protege e tem protegido efetivamente a maioria dos trabalhadores de grandes perdas de rendimento. Na sua ausência, o agregado familiar que tenha experienciado ter uma pessoa desempregada tipicamente reduz o gasto em alimentos em 22% em vez da queda de 7% geralmente observada (Gruber 1997). Ganong e Noel (2019) referem também que a propensão marginal para consumir serviços e bens não duradouros é de 0,27 na ausência do subsídio e de 0,83 na presença do mesmo. O lado da oferta da economia também é afetado através da mão de obra existente, com efeitos ambos positivos e negativos. O subsídio de desemprego pode ajudar a oferta de mão de obra uma vez que mantém as pessoas ligadas ao mercado laboral. Aqueles que se encontram ao abrigo do subsídio de desemprego tipicamente têm de estar ativamente à procura de trabalho. Já aquele desemprego que não usufrui deste benefício pode deixar de pertencer à força de trabalho, tornando o mercado laboral mais rígido dificultando assim o encontro entre entidades empregadoras e trabalhadores. Por outro lado, contra os benefícios da medida está o facto do subsídio poder desencorajar a procura por trabalho. Vários estudos demonstram que existe um pico nas saídas daqueles que gozam do subsídio de desemprego quando os mesmos benefícios se esgotam (Moffit 1985, Katz e Meyer 1990, Feldstein 2005). Parte deste pico é o resultado de pessoas desistirem de procurar emprego passando assim de desempregados para fora do mercado de trabalho (Card, Chetty, e Weber 2007). No entanto, a mais recente e melhor evidência dos Estados Unidos, de Ganong e Noel (2019), mostra que o último mês em que os trabalhadores têm direito ao benefício é precisamente aquele onde existem mais pessoas a encontrar trabalho – há um aumento de 76% de empregabilidade relativamente ao penúltimo mês. Existem então uma grande maioria de pessoas que esperam pelo último mês de subsídio para encontrar trabalho bem como outros que chegam ao fim sem o conseguir. O grande desafio é por isso encontrar o melhor subsídio que simultaneamente ajude a economia e impeça que certas pessoas esperem pelo último mês para encontrar emprego. Qual é a medida certa para o tempo atual? O equilíbrio ideal entre estas duas considerações depende essencialmente da taxa de desemprego (Baily 1978, Chetty 2008). Quando o desemprego é alto, como é agora, o maior problema é o número total de empregos (uma vez que a ausência do benefício teria um brutal impacto na economia) e não se as pessoas os querem ou não ter. Assim, o subsídio de desemprego pode e deve ser generoso, tanto em termos dos níveis de benefício como da sua duração. Em contraste, quando as taxas de desemprego são baixas – como eram antes desta crise – é importante colocar mais peso em não desencorajar as pessoas de aceitar empregos, baixando então o valor e a duração do subsídio.por Frederico_FXAnalyst2
Tesouro Americano: Em busca da 'segurança'Procura por compra de títulos do tesouro americano volta a registrar alta, com isso a cotação do mesmo tendo a ir caindo, tendo em vista que quanto maior a procura pelo ativo menor a taxa que o mesmo vai pagar. Viés de baixapor Trendline3651
A economia do vírusAquilo que se está a passar na economia, não é sem dúvida, normal. Não é uma típica crise de ciclo económico em que se começa por observar uma diminuição do crescimento do produto e eventualmente da sua redução, levando então a uma recessão. Esta epidemia começa por ser um choque do lado da oferta e da sua cadeia valor tendo também muito potencial para arrastar a procura atrás. À partida, a sua duração será curta e a recuperação possivelmente rápida, no entanto a magnitude dos seus efeitos negativos são ainda imprevisíveis. Em qualquer crise, as políticas monetárias e fiscais tendem a ser as armas a usar para atenuar as suas potenciais consequências. No entanto, quanto maior for o clima de incerteza relativamente ao futuro, menor é o seu potencial efeito. Vários bancos centrais já reduziram as suas taxas de juro diretoras, mas sem o seu desejado resultado. Apesar destas medidas terem o potencial de aumentar a procura agregada da economia, estas iniciativas políticas foram interpretadas como um sinal de “alarme” nos mercados. Certamente que determinadas empresas irão beneficiar da redução dos juros – tanto aquelas que têm atualmente empréstimos com uma taxa variável como outras que não tenham empréstimos contraídos e necessitem de o fazer, poderão fazê-lo agora a taxas mais baixas. O grande problema aqui é que as taxas serão pouco mais baixas do que são atualmente! O impacto positivo destes estímulos monetários é muito reduzido e como consequência, o ânimo que trouxe aos mercados teve a duração de pouco mais de uma hora. Do lado da procura, à medida que os países tomam medidas como o fecho de escolas ou o cancelamento e a limitação de eventos empresariais e desportivos e em que as pessoas, manipuladas pela incerteza que se vive, começarem a deixar de viajar, a reduzir o seu consumo e a ter maior dificuldade em pagar os seus empréstimos; torna-se cada vez mais urgente uma ajuda fiscal por parte dos governos. Todas estas medidas não serão ser suficientes para impedir um impacto económico negativo do vírus, mas poderão certamente ajudar a atrasar e a mitigar o seu potencial efeito. No que toca aos mercados financeiros, aquilo que é possível observar até à data são duas semanas sangrentas e quedas agregadas dos principais índices acionistas de cerca de 20%. Apesar de existirem setores específicos que estão a ser mais afetados (como o da aviação ou o energético), todos são penalizados – a prova disso mesmo é que o dinheiro tem saído de todos os Exchange Traded Funds (ETFs). As possíveis falências que poderão existir podem ser tanto por problemas de solvência (e.g. consequência da redução do preço do barril) como de falta de liquidez (e.g. redução substancial da procura). É interessante olharmos para o mercado de dívida na medida em que se pode compreender aquilo que nos pode esperar no futuro. Em particular, nos Estados Unidos a yield das obrigações do tesouro a 30 anos está pela primeira vez abaixo de 1% e já chegou também ao nível a que estava a yield da dívida a 2 anos há cerca de duas semanas atrás. Já em Portugal, o mesmo não se tem passado e o declive da curva das suas yields tem-se tornado mais ingreme desde as últimas duas semanas. A expansão da política monetária americana já não só contribui para a diminuição dos juros da dívida a curto-prazo, mas para toda a queda da curva. Do lado europeu, será interessante observar se o mesmo se passará com a possível intervenção do Banco Central Europeu (BCE). Apesar de tudo, a curva das yields da maior parte dos países tem caído em todas as maturidades e isto indica-nos que estamos mais próximos de uma recessão ou pelo menos de um longo período de estagnação económica.por Frederico_FXAnalyst111
Títulos AmericanosO assunto do momento são os títulos de dívida dos EUA. Com a proximidade da reunião do FED que decidirá sobre o aumento do interest rates, os investidores parecem acreditar em mais um hike já no início de maio. Assim, o valor dos títulos caiu forte nas últimas duas semanas enquanto os yields dispararam. Teoricamente o mercado de bonds tem correlação inversa com a bolsa de valores, a continuar essa tendência de baixa dos bonds no curto prazo seria positivo para os índices de ações. No entanto no médio longo prazo, maiores interest rates podem tirar atratividade da bolsa, principalmente dos investidores de dividendos.por f1l1per.117