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Dólar tem leve alta após dados de inflação dos EUA e Ibovespa tem forte recuo

O dólar buscava firmar alta frente ao real nesta sexta-feira, tendo oscilado entre leves ganhos e perdas pela manhã na esteira de divulgação de índice de inflação dos Estados Unidos, enquanto o Ibovespa recuava mais de 1%.

Na semana, porém, o dólar caminhava para queda, enquanto o Ibovespa apontava ganhos, diante de fluxo de recursos estrangeiros ao Brasil.

O índice PCE de inflação dos EUA subiu 0,1% no mês passado, repetindo a taxa de novembro, disse o Departamento do Comércio nesta sexta-feira, enquanto o núcleo do dado avançou 0,3%, em linha com o que esperavam economistas, segundo pesquisa da Reuters.

O índice não mudou a expectativa no mercado de redução no ritmo de alta dos juros pelo Federal Reserve na semana que vem. Os índices em Wall Street abriram em queda e o dólar operava em alta frente a uma cesta de moedas fortes.

Na cena doméstica, investidores analisavam declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e monitoravam encontro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com governadores, em meio às discussões sobre a tributação de combustíveis.

As ações da Cielo, que na véspera abriu a temporada local de balanços, caíam, mesmo após resultado robusto.

Veja como estavam os principais mercados financeiros por volta das 12h45 desta sexta-feira:

CÂMBIO

O dólar à vista tentava se manter no azul ante o real nesta sexta-feira, depois de alternar leves quedas e altas, à medida que investidores digeriam dado de inflação dos Estados Unidos em linha com o esperado e declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Na semana, o dólar à vista acumulava queda de cerca de 2,2%. A moeda norte-americana vem de quatro baixas seguidas contra a divisa local.

O dólar abriu em alta frente ao real e chegou a bater 5,0950 reais nos primeiros minutos de pregão, mas passou à estabilidade em movimento brusco ainda antes da divulgação do dado de inflação dos EUA.

Rápidas apreciações do real, e sem respaldo do exterior, foram vistas nos últimos dias, com agentes financeiros atribuindo-as, em geral, à entrada de recursos estrangeiros no país, diante de cenário mais favorável a emergentes e ao diferencial de juros entre Brasil e EUA.

A partir do meio do pregão da manhã, o dólar passou a operar com mais volatilidade, alternando ganhos e recuos leves, após o Departamento do Comércio divulgar o índice de preços PCE, o preferido do Federal Reserve (Fed) para sua análise de política monetária.

O PCE subiu 0,10% em dezembro — a alta é da mesma magnitude registrada em novembro. O núcleo do PCE avançou 0,3%, em linha com o esperado por economistas consultados em pesquisa da Reuters e reforçando tendência apontada por dados anteriores que sinalizam um arrefecimento da inflação nos EUA, o que endossa postura menos agressiva do Fed.

O dado vem após Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA acima do esperado na véspera e manteve a expectativa majoritária no mercado de que o Fed reduzirá novamente o ritmo de sua alta de juros na próxima reunião, marcada para semana que vem, e depois elevará a taxa apenas mais uma vez.

O dólar DXY também operava volátil ante uma cesta de moedas fortes após o PCE e exibia alta de cerca de 0,30%.

Além do Fed, o banco central da zona do euro e o próprio Banco Central do Brasil (BC) têm reuniões de política monetária na semana que vem.

No Brasil, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou em entrevista ao jornal Valor Econômico que a reforma tributária manterá a carga de impostos no nível atual, o que ajudará a colocar o Brasil em uma trajetória fiscal sustentável.

Ele afirmou que, combinada à aprovação conjunta do novo arcabouço fiscal ainda no primeiro semestre, as mudanças "sem dúvida" diminuirão pressões inflacionárias e, consequentemente, facilitarão a condução da taxa básica de juros pelo BC.

"A entrevista agrada, ela traz algum ânimo para os investidores. É óbvio que tem temas ali não tão bem recebidos, por exemplo, ele volta a falar da moeda comum. Mas naquilo que o mercado acha que tem mais chance de avançar, que é reforma tributária e novo arcabouço fiscal, ele se mostrou otimista", disse à Reuters o estrategista Gustavo Cruz, da RB Investimentos.

Ainda na cena política, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva encontrou-se com governadores na manhã desta sexta-feira, em meio à debate sobre a reoneração dos combustíveis. Lula disse a eles que a questão será discutida e que quer estabelecer uma nova relação com os entes federados.

A previsão é que o presidente também almoce com os governadores.

Haddad já colocou a retomada da tributação entre seus planos, mas disse que a decisão sobre o tema ainda dependia de avaliação de Lula.

A desoneração sobre esses insumos foi adotada no ano passado pelo governo Jair Bolsonaro como forma de mitigar efeitos da alta do petróleo e conter a inflação. Lula prorrogou a medida após tomar posse, contra a vontade de Haddad.

Na véspera, o dólar à vista fechou em baixa de 0,13%, a 5,074 reais na venda.

. Dólar/Real (BRBY): +0,36%, a 5,0918 reais na venda;

. Euro/Dólar EURUSD: -0,42%, a 1,0843 dólar;

. Dólar/Cesta de moedas DXY: 0,38%, a 102,140.

BOVESPA

O Ibovespa recuava nesta sexta-feira, com a ação da Cielo entre as maiores quedas mesmo após resultado robusto no quarto trimestre, mas caminha para o terceiro ganho semanal seguido, apoiado no fluxo de capital externo para as ações brasileiras.

Dados da B3 continuam mostrando entrada de capital externo na bolsa paulista, com o saldo positivo em 8,87 bilhões de reais no ano até o dia 25. Nos primeiros pregões da semana, as compras superaram as vendas em 2,39 bilhões de reais.

De acordo com análise técnica do Itaú BBA, mesmo após superar os 113.800 pontos na véspera, o Ibovespa ainda não mostrou que está decidido a subir. Eles avaliam que o Ibovespa precisa superar os 114.900 pontos para dar um passo importante para a primeira tendência de alta em 2023. "Se isso ocorrer, os próximos objetivos estão em 118.300 e 121.600 pontos", afirmaram em relatório a clientes.

Do lado da baixa, Fábio Perina e equipe calculam que o primeiro alerta está nos 111.300 pontos. "Se perder este patamar, abrirá caminho para devolver parte das altas e encontrará suportes em 108.700 e 106.700 pontos."

Em Wall Street, o último pregão da semana é de variações negativas, com o S&P 500 SPX em baixa de 0,2%. As atenções estão divididas entre as perspectivas sombrias da Intel e a medida de inflação preferida do Federal Reserve.

DESTAQUES

- CIELO ON CIEL3 caía 3,59%, a 5,1 reais, mesmo após a maior empresa de meios de pagamentos reportar resultado trimestral considerado robusto por analistas, com lucro recorrente de outubro a dezembro de 490 milhões de reais. O papel vinha de uma sequência de quatro pregões de alta, em que contabilizou um ganho de 8,85%, em boa parte antecipando os números fortes divulgados pela companhia na noite da véspera. Na máxima, na abertura, chegou a subir 3%.

- PETROBRAS PN PETR3 cedia 1,87%, a 25,71 reais, apesar da alta dos preços do petróleo no exterior. Investidores estão atentos aos primeiros movimentos do novo presidente da companhia, Jean Paul Prates, que assumiu o posto interinamente na véspera, principalmente a composição da diretoria e suas sinalizações relacionadas à política de preços e dividendos da estatal. A empresa também reportou na véspera reservas provadas de 10,5 bilhões de barris de óleo equivalente (boe) no fim de 2022, alta de 6,1% ano a ano.

- PRIO ON PRIO3 avançava 0,94%, a 42,74 reais, e 3R PETROLEUM ON RRRP3 perdia 0,43%, a 46,6 reais, conforme o contrato de petróleo Brent BRN1! mostrava elevação de 1,5%, a 88,78 dólares o barril.

- BRADESCO PN BBDC3 recuava 2,33%, a 13,81 reais, com bancos novamente na coluna negativa do Ibovespa, ainda afetados pela crise envolvendo a Americanas e tendo ainda no radar dados de crédito no país em dezembro. ITAÚ UNIBANCO PN ITUB3 caía 1,81%, SANTANDER BRASIL UNIT SANB11M perdia 0,77% e BANCO DO BRASIL ON BBAS3 cedia 0,74%. Para o Goldman Sachs, os números mostraram que o crescimento do crédito real desacelerou ainda mais em dezembro, influenciado, entre outros fatores, pelo segmento de crédito livre, principalmente para pessoas físicas Também destacou aumento da inadimplência de pessoas físicas.

- MAGAZINE LUIZA ON MGLU3 valorizava-se 0,7%, a 4,31 reais, retomando o sinal positivo após ajuste negativo nos dois pregões anteriores, com o ganho desde o anúncio dos problemas contábeis da rival Americanas somando cerca de 45%. AMERICANAS ON AMER3, que não está mais no Ibovespa desde que entrou em recuperação judicial, avançava 8,74%, a 1,12 real. Antes da divulgação das "inconsistências contábeis", valia 12 reais.

- VALE ON VALE3 mostrava declínio de 1,42%, a 96,61 reais, após renovar máxima histórica intradia a 98,29 reais, que fez com que a alta em 2023 alcançasse 10,6%. Na segunda-feira, a mineradora volta a ter referência dos preços do minério de ferro na China com o retorno dos mercados chineses após o feriado do Ano Novo Lunar.

- MINERVA ON BEEF3 perdia 2,44%, a 14,39 reais, em sessão negativa para o setor de proteínas como um todo, com MARFRIG ON MRFG3 em baixa de 2,77%, BRF ON BRFS3 caindo 2,93% e JBSS ON JBSS3 cedendo 1,78%.

. Ibovespa IBOV: -1,84%, a 112.077,15 pontos;

. Volume financeiro: 7,9 bilhões de reais;

. Índice dos principais ADRs brasileiros (.BR20): -2,69%, a 17.571,31 pontos.

BOLSAS DOS EUA

Os principais índices de Wall Street abriram em baixa nesta sexta-feira depois que as perspectivas sombrias da Intel pesaram sobre os fabricantes de chips, embora os dados mostrando que a inflação diminuiu alimentaram expectativas de uma mudança pelo Federal Reserve, ajudando a limitar as perdas.

. Dow Jones DJI: -0,14%, a 33.902,29 pontos;

. Standard & Poor's 500 SPX: -0,08%, a 4.057,31 pontos;

. Nasdaq IXIC: +0,16%, a 11.531,25 pontos.

BOLSAS DA EUROPA

O índice pan-europeu STOXX 600 SXXP tinha alta de 0,16%, a 454,70 pontos.

Em LONDRES, o índice Financial Times UK100 avançava 0,03%, a 7.763,75 pontos.

Em FRANKFURT, o índice DAX DAX subia 0,03%, a 15.137,36 pontos.

Em PARIS, o índice CAC-40 PX1 perdia 0,07%, a 7.090,68 pontos.

Em MILÃO, o índice Ftse/Mib FTSEMIB tinha valorização de 0,84%, a 26.436,57 pontos.

Em MADRI, o índice Ibex-35 IBC registrava alta de 0,09%, a 9.043,30 pontos.

Em LISBOA, o índice PSI20 PPSI20 desvalorizava-se 0,53%, a 5.930,24 pontos.

JUROS

Mês

Ticker

Taxa

(% a.a.)

Ajuste anterior (% a.a.)

Variação (p.p.)

JUL/23

(DIJN23)

13,695

13,695

0

AGO/23

(DIJQ23)

13,715

13,71

0,005

OUT/23

(DIJV23)

13,655

13,642

0,013

JAN/24

(DIJF24)

13,525

13,502

0,023

JAN/25

(DIJF25)

12,825

12,702

0,123

JAN/26

(DIJF26)

12,76

12,612

0,148

JAN/27

(DIJF27)

12,82

12,674

0,146

JAN/28

(DIJF28)

12,915

12,767

0,148

JAN/29

(DIJF29)

13,04

12,905

0,135

DÍVIDA

Os rendimentos dos Treasuries subiam nesta sexta-feira depois que os dados da inflação no Japão surpreenderam positivamente e após a divulgação da medida de inflação preferida do Federal Reserve, o Índice de Despesas de Consumo Pessoal (PCE), que ficou em linha com as expectativas.

Os rendimentos dos títulos do governo, que se movem inversamente aos preços, têm estado limitados nos últimos dias, enquanto os investidores aguardam pistas sobre a política monetária do Fed em sua reunião de definição de taxa de juros na próxima semana.

Enquanto isso, os movimentos de preços têm sido determinados principalmente por dados econômicos que pintaram um quadro misto. Os dados de produção econômica divulgados na quinta-feira, assim como os números do mercado de trabalho, surpreenderam positivamente, mostrando força na economia dos Estados Unidos, apesar do rápido aumento dos juros pelo Fed no ano passado promovido com o objetivo de conter a inflação desenfreada.

Por outro lado, dados divulgados pelo Departamento de Comércio nesta sexta-feira mostraram que os gastos dos consumidores, que respondem por mais de dois terços da atividade econômica dos EUA, caíram 0,2% no mês passado.

Do lado da inflação, o chamado núcleo do índice de preços do PCE subiu 4,4% sobre o ano em dezembro, após aumentar 4,7% em novembro. O Fed acompanha os índices de preços do PCE para a sua política monetária, e outras medidas de inflação também desaceleraram significativamente.

Os rendimentos caíram marginalmente imediatamente após os dados do PCE, mas reduziram as perdas e subiam depois que dados mostraram que os principais preços ao consumidor em Tóquio, um dos principais indicadores de tendências nacionais no Japão, subiram 4,3% em janeiro em relação ao ano anterior, marcando o ganho anual mais rápido em quase 42 anos.

. Treasuries de 10 anos US10Y: rendimento em alta a 3,5348%, ante 3,491% no pregão anterior;

PETRÓLEO

. Nymex - CL1!: 0,4%, a 81,33 dólares por barril;

. ICE Futures Europe - Brent BRN1!: 0,46%, a 87,87 dólares por barril.

((Redação São Paulo, 55 11 56447723))

AR IV

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