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Dólar volta a R$5,10 e Ibovespa sobe 1% ao fim de nova semana de ganhos

O dólar caía cerca de 1% e o Ibovespa subia no mesmo ritmo nesta sexta-feira, com os mercados brasileiros caminhando para fechar mais uma semana de ganhos na esteira de alívio em temores de aperto monetário nos EUA e perspectiva de parada do ciclo de alta de juros por aqui.

Hapvida e Marfrig davam suporte ao principal índice das ações brasileiras após divulgarem resultados operacionais melhores do que as expectativas, enquanto Natura&Co era destaque negativo com prejuízo acima do esperado.

No mercado de câmbio, o real faz jus à fama de moeda volátil e tinha nesta sexta um dos melhores desempenhos globais, após na véspera ficar entre as maiores quedas.

O dólar caminhava para queda de pouco mais de 1% na semana, que seria a terceira seguida de baixa para a moeda, mais longa série do tipo desde maio. Já o Ibovespa mirava a quarta semana consecutiva de ganhos, sequência mais longa desde as também quatro altas semanais entre o fim de janeiro e meados de fevereiro.

Veja como estavam alguns dos principais mercados financeiros globais às 11h51 (de Brasília) desta sexta-feira:

CÂMBIO

O dólar caía frente ao real nesta sexta-feira, fazendo uma pausa depois de avançar expressivamente na sessão anterior, enquanto o foco de investidores permanecia sobre os próximos passos de política monetária do Federal Reserve, em dia de agenda doméstica fraca.

Com as perdas desta manhã, que vinham na esteira de fortes baixas do dólar na segunda e na quarta, a divisa norte-americana caminhava para registrar desvalorização semanal de cerca de 1%, o que marcaria a terceira consecutiva nessa base de comparação.

O bom desempenho do real nesta última semana --que veio em linha com um movimento globalmente coordenado de busca por ativos mais arriscados, como ações e outras moedas de países emergentes-- foi atribuído principalmente a uma leitura de inflação menor do que o esperado nos Estados Unidos, que foi divulgada na quarta-feira, mostrando estabilidade dos preços ao consumidor em julho.

"Embora o mercado de trabalho (dos EUA) continue apertado, os dados da inflação ao consumidor mostraram algum alívio na evolução dos preços, o que aumentou a probabilidade de um ajuste de 50 pontos-base (ao invés de 75) na próxima reunião do Fomc, em setembro, na visão do mercado", explicou o departamento de pesquisas e estudos econômicos do Bradesco em nota, referindo-se ao comitê do banco central norte-americano, o Federal Reserve, responsável pela definição da política monetária.

Quanto mais altos os juros na maior economia do mundo, mais o dólar tende a se beneficiar, de forma que sinalizações mais brandas do Fed costumam abrir espaço para valorização de rivais emergentes da divisa norte-americana.

Embora a projeção de um aumento de juro de 0,50 ponto percentual pelo banco central dos EUA em setembro siga predominando sobre apostas em ajuste mais agressivo (FEDWATCH), alguns participantes do mercado ainda mostravam alguma cautela, já que algumas autoridades do Fed disseram ao longo desta semana que a instituição está longe de vencer sua batalha contra a inflação.

. Dólar/Real (BRBY): -1,12%, a 5,1018 reais na venda;

. Euro/Dólar EURUSD: -0,65%, a 1,025 dólar;

. Dólar/Cesta de moedas DXY: 0,61%, a 105,760.

BOVESPA

O Ibovespa avançava nesta sexta-feira, com Hapvida e Marfrig entre as maiores altas após ambas divulgarem resultados operacionais melhores do que as expectativas, enquanto Natura&Co era destaque negativo com prejuízo acima do esperado.

Com tal desempenho, o Ibovespa soma um ganho de cerca de 4% na semana, apoiado principalmente nas aposta de que o Federal Reserve pode não precisar ser tão agressivo em relação a aumento de juros nos Estados Unidos após alívio na inflação norte-americana.

Para estrategistas da XP Investimentos, os últimos números contribuem para a narrativa de que o problema da inflação nos EUA pode não ser tão grave quanto o antecipado, e o Fed talvez tenha espaço para desacelerar o ciclo de alta de juros.

Em Wall Street, nesta sexta-feira, o S&P 500 SPX subia.

O tom mais positivo na bolsa paulista encontra suporte ainda no prognóstico de que o ciclo de altas da Selic no Brasil acabou ou está bastante próximo de seu fim, também na esteira de números melhores sobre os preços no país.

DESTAQUES

- HAPVIDA ON HAPV3 disparava 13,64%, a 7,5 reais, após o grupo de medicina e planos de saúde reportar resultado operacional melhor do que o esperado no segundo trimestre.

- MARFRIG ON MRFG3 avançava 6,89%, a 14,59 reais, uma vez que mais que duplicou seu lucro líquido no segundo trimestre, para 4,255 bilhões de reais. JBS ON JBSS3, por sua vez, caía 1,79%, a 30,68 reais, na esteira da queda do lucro trimestral.

- VIA ON (VIIA3.SA) saltava 11,11%, a 3,1 reais, após encerrar o segundo trimestre com lucro líquido, enquanto as rivais Magazine Luiza e Americanas registraram prejuízo no período. MAGAZINE LUIZA ON MGLU3 subia 3,95%, a 3,16 reais, enquanto AMERICANAS ON AMER3 caía 3,16%, a 12,86 reais.

- COGNA ON COGN3 tinha elevação de 3,83%, a 2,71 reais, à medida que o prejuízo de 36,6 milhões de reais da empresa de educação no segundo trimestre foi menor do que o esperado por analistas.

- NATURA&CO ON NTCO3 desabava 9,48%, a 14,42 reais, seguindo prejuízo líquido maior do que o esperado para o segundo trimestre da fabricante de cosméticos, pressionado por um cenário macroeconômico desafiador e maiores despesas financeiras.

- LOCALIZA ON RENT3 cedia 3,93%, a 60,44 reais, após resultado abaixo das expectativas, com lucro líquido de 456,7 milhões de reais e Ebitda de 1,12 bilhão de reais no segundo trimestre.

- PETROBRAS PN PETR3 avançava 3,34%, a 30,57 reais, oferecendo um relevante suporte ao Ibovespa, apesar da queda do petróleo Brent BRN1!. O Citi elevou o preço-alvo dos ADRs PETR3 de 17,4 dólares para 19 dólares. A companhia também começou a venda de direitos minerários em potássio na bacia do Amazonas.

. Ibovespa IBOV: +1,13%, a 110.963,07 pontos;

. Volume financeiro: R$10,431 bi;

. Índice dos principais ADRs brasileiros (.BR20): -2,24%, a 17.661,49 pontos.

Para ver as maiores altas do Ibovespa, clique em (.PG.BVSP)

Para ver as maiores baixas do Ibovespa, clique em (.PL.BVSP)

JURO

Mês

Ticker

Taxa (% a.a.)

Ajuste anterior (% a.a.)

Variação (p.p.)

OUT/22

(DIJV22)

13,672

13,672

0

JAN/23

(DIJF23)

13,705

13,72

-0,015

JAN/24

(DIJF24)

12,855

12,95

-0,095

JAN/25

(DIJF25)

11,805

11,95

-0,145

JAN/26

(DIJF26)

11,62

11,755

-0,135

JAN/27

(DIJF27)

11,645

11,79

-0,145

BOLSAS DOS EUA

Os principais índices de Wall Street subiam nesta sexta-feira, deixando o S&P 500 e o Nasdaq a caminho de uma quarta semana consecutiva de ganhos, devido à redução das apostas em outro aumento superdimensionado dos juros pelo Federal Reserve, em meio a evidências de arrefecimento da inflação.

O S&P 500 SPX acumula alta de 16% em relação aos menores patamares de meados de junho, com o impulso mais recente vindo de uma leitura menor do que o esperado do índice de preços ao consumidor e queda inesperada nos preços ao produtor nos EUA em julho.

O índice cruzou brevemente o nível técnico observado de perto de 4.231 pontos, que indica recuperação de 50% das perdas registradas pelo S&P durante o mercado em baixa ("bear market", em inglês).

"A economia não está caindo de um penhasco, mas há alguns sinais preocupantes. Ainda assim, os 'bulls' (que apostam na alta das ações) podem apontar um mercado de trabalho muito forte e resultados corporativos que não sugerem que uma desaceleração econômica esteja prejudicando os lucros das empresas", disse Lindsey Bell, chefe de mercados e estrategista na Ally.

"As ações grandes e pequenas se recuperaram de forma impressionante nos últimos dois meses, apesar de um conjunto muito misto de dados econômicos."

Embora as autoridades permaneçam firmes sobre a necessidade de aperto adicional da política monetária até que as pressões inflacionárias diminuam completamente, operadores veem chance de 63,5% de o Fed aumentar os juros em 0,50 ponto percentual em seu encontro do próximo mês, em vez de promover ajuste maior, de 0,75 ponto. (FEDWATCH)

O Fed elevou sua taxa básica de juros em 2,25 pontos percentuais desde março, conforme luta para esfriar a demanda sem provocar um aumento acentuado nas demissões.

Dez dos 11 principais setores do S&P 500 avançavam no início das negociações, com os serviços de comunicação S5TELS e ações de tecnologia da informação S5TELS liderando os ganhos.

. Dow Jones DJI: +0,33%, a 33.445,84 pontos;

. Standard & Poor's 500 SPX: 0,60%, a 4.232,36 pontos;

. Nasdaq IXIC: +0,65%, a 12.862,84 pontos.

BOLSAS DA EUROPA

O índice pan-europeu STOXX 600 SXXP tinha alta de 0,18%, a 440,94 pontos.

Em LONDRES, o índice Financial Times UK100 avançava 0,44%, a 7.499,06 pontos.

Em FRANKFURT, o índice DAX DAX subia 0,59%, a 13.775,31 pontos.

Em PARIS, o índice CAC-40 PX1 ganhava 0,08%, a 6.550,15 pontos.

Em MILÃO, o índice Ftse/Mib FTSEMIB tinha valorização de 0,43%, a 22.956,05 pontos.

Em MADRI, o índice Ibex-35 IBC registrava alta de 0,25%, a 8.400,60 pontos.

Em LISBOA, o índice PSI20 PPSI20 desvalorizava-se 1,26%, a 6.160,48 pontos.

DÍVIDA

Os rendimentos dos Treasuries caíam nesta sexta-feira após uma semana volátil, com os investidores avaliando se uma aparente desaceleração da inflação pode amenizar o ritmo de aumento da taxa de juros do Federal Reserve.

Dados na quinta-feira mostraram que os preços ao produtor dos Estados Unidos caíram inesperadamente em julho. Os números chegaram um dia após a notícia de que o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) de julho ficou inalterado no mês, mas subiu a uma taxa anual de 8,5%.

Os dados levantaram alguma esperança de que o pior da inflação pode ter ficado para trás. Ainda assim, muitos analistas e investidores dizem que mais provas serão necessárias antes que se possa determinar como a política do Fed pode ser afetada.

A baixa liquidez também aumentou a volatilidade do mercado, com muitos operadores saindo para as férias de verão, e alguns investidores cautelosos em tomar posições até que haja mais clareza sobre as perspectivas.

. Treasuries de 10 anos US10Y: rendimento em queda a 2,8548%, ante 2,888% no pregão anterior.

PETRÓLEO

. Nymex - CL1!: -2,49%, a 91,99 dólares por barril;

. ICE Futures Europe - Brent BRN1!: -1,99%, a 97,62 dólares por barril.

((Redação São Paulo, 55 11 56447757))

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