É melhor sofrer agoraNão é a primeira vez que o preço do petróleo subiu muito e a Presidência da República resolveu intervir na Petrobrás. Só que isso não teve efeitos benéficos para a economia e nem para a empresa.
Vivemos numa sociedade capitalista, onde o preço de tudo é determinado pelas forças de mercado. É a concorrência que define o quanto algo vai custar. Os comunistas e socialistas não conseguiram criar um sistema econômico mais eficiente.
Há problemas no capitalismo? Claro que há. A imensa desigualdade econômica é uma delas. Mas temos outras soluções melhores? Por enquanto não. Então, temos que viver com o que temos de melhor.
Quando o governo intervém, seja numa empresa estatal, ou dando benefícios fiscais para algum setor, ele mete o dedo nessa dinâmica que forma os preços e isso causa distorções deletérias.
Tais malefícios podem vir a curto, ou longo prazo. Ninguém sabe quando vai vir, ou de que forma virá. A economia é uma ciência social aplicada. Não tem como analisarmos os efeitos de uma decisão econômica dentro de um laboratório para depois aplicá-la.
E é aí que reside o problema. A literatura histórica econômica mostra várias coisas que foram feitas e deram errado. Só que no Brasil, a história é negligenciada e as mesmas decisões erradas do passado são praticadas hoje.
O sistema econômico que rege as nossas vidas é como uma onda eletromagnética: ele dilata e se contrai. Se o governo tentar impedir essa contração, as forças que a promovem podem aumentar ainda mais.
O Brasil não é uma ilha. Gastar dinheiro público na tentativa de impedir a alta da gasolina, é queimar dinheiro que será necessário no futuro. A dívida pública já está alta, então, não podemos gastar dinheiro atoa.
É melhor sermos forçados a usar menos os nossos veículos, do que forçar uma demanda sobre uma oferta que está defasada. A discrepância entre o valor de mercado e os preços exercidos, é como um veneno que age aos poucos.
Tem recessões que surgem para o nosso bem. É melhor sofrer agora do que adiar para o futuro.
Renan Antunes
Petróleo
ELE AINDA MOVE O MUNDOCom as tensões entre Rússia e Ucrânia, além da escassez de petróleo no mundo, o preço da commodity não para de subir, e os analistas falam que não vai parar tão cedo. Alguns já falam do barril acima de $100,00 (cem dólares).
Há um discurso muito forte sobre a “agenda ESG”. Homens como Larry Fink, fundador e CEO da Blackrock, maior gestora de ETFs no mundo, defendem uma agenda verde, e ameaçam desinvestir em empresas que não a adotarem.
Semana passada, Charlie Munger, sócio de Warren Buffett, disse que Larry Fink está dominando o mundo, afinal, com um número cada vez maior de ETFs, a gestora está ocupando assentos em milhares de companhias.
Munger disse que não quer viver num mundo dominado por Fink. Como os ETFs têm uma participação expressiva nas empresas, a Blackrock passa a ter um poder muito grande e a conseguir impor sua própria vontade.
Se os investidores comprassem os papéis das empresas, teriam participações nelas. Como investem via ETFs, quem senta no conselho são as gestoras dos ETFs, e não os investidores donos das ações.
O problema do discurso ESG, defendido por Fink, é que o mundo não está preparado para ele. Muitas empresas de petróleo deixaram de receber investimentos por serem consideradas anti-ambientais, mas, a estrutura energética do mundo é movida a petróleo.
Querem banir o petróleo sem mudar a matriz energética. Isso não vai dar certo. Se querem acabar com o uso do petróleo, é necessário investimentos maciços em energias renováveis.
Agora, por conta disso, o petróleo sobe, e isso é ruim para a economia global, porque aumenta a inflação. Justamente no período em que os EUA decidiram aumentar suas taxas de juros.
Com a iminência de uma guerra, o caldo tende a azedar ainda mais. Prevejo que a OPEP entrará em ação na tentativa de aumentar a produção de petróleo este ano. Do contrário, o preço de tudo vai subir.
Afinal, o petróleo move os navios e caminhões que transportam nossas mercadorias. O mundo precisa ser sustentável, mas para que isso seja efetivo precisamos colocar um bom plano em prática.
Até lá, não podemos banir o petróleo.
Renan Antunes
Crises do petróleo e o gráfico.Gráfico com o comportamento dos preços do petróleo tipo Brent (FX:UKOIL) durante as principais crises dos últimos 30 anos ("Quarto Choque" em diante), tendo como referência comparativa a expansão de Fibonacci desde o inicio do ciclo de 1999 e com alguns movimentos em " V " que considerei mais significativos assinalados.
Crise no Petróleo - É só o começoO surto do novo coronavírus (COVID-19) adicionou uma grande camada de incerteza às perspectivas do mercado de petróleo. Em 2020 a demanda global de petróleo deverá contrair pela primeira vez desde a recessão global de 2009. A demanda de petróleo na China (dos maiores consumidores globais) sofre mais no primeiro trimestre, com uma queda anual de 1,8 milhão de barris por dia. A demanda global caiu em 2,5 milhoes barris/dia segundo a IEA. Para isso a OPEC e os produtores tem que se virar, alguns fatos:
Votação por parte da Russia e Arábia Saudita para o aumento da produção do petróleo (na OPEC). Ocasionando diretamente um aumento da oferta de barris de petróleo, o que na economia básica faz o preço cair quando a oferta supera a demanda.
Então a Arábia Saudita anuncia grandes descontos ao vender seu petróleo refinado, o que instantaneamente faz o preço cair quase 30% (09/03).
Por fim a Agencia Internacional de Energia previu uma queda da necessidade de barris de petróleo nesse ano em torno de 90000 barris/dia a menos em relação a 2019
A grande sacada é a maneira como o petróleo é extraído e a qualidade do petróleo, sabe-se que o petróleo do Oriente Médio é de extrema qualidade e com um custo baixíssimo de extração, cerca de 2 dólares por barril, parecido com o preço de extração da Russia. Tendo isso em vista, lembramos que o custo de extração do Pre-sal está em 14 dólares por Barril, mesmo o peço a 25 dólares o barril, ainda é viável extrair no Brasil, mas em outra partes do mundo o custo é de 35 à 42 dólares, como por exemplo, nos EUA e Canada, fazendo assim que as empresas extratoras acabem extraindo no prejuízo (e obviamente isso não acontece), elas simplesmente param de produzir.
A diminuição iminente na produção de energia fóssil faz esse sell off parecer pouco, e sabe-se lá quando veremos a barrica acima de 44 dólares novamente, mas olhando os relatórios da IEA, as fontes de energia reutilizáveis e sustentáveis são muito superiores a projeção do uso fóssil para 2030. (vide site IEA).