Gosto bastante do país Argentino. Mesmo após décadas destruindo seu país ainda se vê sinais de infraestrutura do passado próspero que somente agora estamos vendo no Brasil. Gosto da patagônia com suas paisagens extremas. Gosto do Ushuaia com seus assados de ovelha e pratos com merluza negra. Gosto dos vinhos de todas as regiões: pode ser de Salta, Mendoza ou Neuquén. Fico triste com o que ocorre naquele belo país.

A incapacidade da Argentina de enfrentar sua realidade, parando de buscar soluções mágicas populistas, me assusta. E me assusta porque vejo isso em menor grau no nosso país. Quando cada um olha só para o seu umbigo e o mais organizado ganha espaço em detrimento dos demais, vamos construindo uma sociedade da exceção que pode culminar em uma Argentina.

Como vejo mais retrocesso e menos evolução por aqui, só me resta ser pragmático e pensar em como defender meu patrimônio no caso de chegarmos num cenário econômico Argentino. Nos gráficos podemos observar que enquanto a inflação está em 104% a taxa de juros básica está em 81%. Se fosse aqui poderíamos esquecer de deixar o dinheiro no CDI. Vale observar que o índice de inflação Argentino foi acusado de estar manipulado na época de Cristina Kirchner, não sei como está agora, mas provavelmente deve estar subestimado.

Podemos pensar em bolsa, já que ativos reais tendem a proteger da inflação. Se olharmos o S&P/BYMA Merval só sobe. Porém precisamos deflacionar. Para ilustrar, dado que não fiz uma investigação profunda, peguei o indicador Deflated - Val do usuário Makaveli227 e modifiquei para usar o índice de inflação argentino (ARIRYY). A linha vermelha seria o S&P/BYMA Merval deflacionado. Se estiver correto parece que seria uma opção.

Fiz o mesmo com o peso argentino x dólar. Aqui é um pouco mais complexo por diversos motivos. Alguns economistas defendem que também é preciso considerar o lado do dólar, ou seja, a inflação americana para deflacionar. Outros dizem que não faz sentido deflacionar, porque em um sistema de câmbio flutuante os movimentos das divisas influenciam a inflação. A solução seria utilizar um índice de paridade de poder de compra. Porém o sistema de câmbio na Argentina é uma grande bagunça. Hoje deve ter mais de 6 tipos de cotações de dólar na Argentina: oficial, informal, dólar soja, solidário...

A conclusão inicial que chego é que num caso Argentino o mercado financeiro local não deverá ser suficiente para te defender da inflação, mesmo com as evidências de bolsa. A probabilidade de empobrecer rapidamente é muito alta. É preciso estar preparado para atuar em diferentes mercados com agilidade, inclusive arbitrando preços com mercadorias físicas. Em outras palavras transformando dinheiro em produtos para revendê-los no futuro.

Se Deus é brasileiro, então por favor nos salve de uma situação como esta.

Grande Abraço

Leo
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Trader / Analista de Valores Mobiliários - CNPI-T 2712

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