Lembro de quão entusiasmado fiquei quando aprendi sobre ciclos de Kondratieff na faculdade de economia. A ideia de ciclos econômicos é super atraente para um jovem acadêmico, porque sugere alguma possibilidade de previsão logo algum controle.
E ao longo da minha trajetória até o presente momento continuei me deparando com ideias de ciclos. No MBA com o ciclo das empresas. No mundo corporativo com o ciclo de vida do cliente. Na análise técnica com Dow e Elliott. Mais recentemente com Ray Dalio, que produziu o excelente vídeo How The Economic Machine Works, e Howard Marks com o livro Domindo o Ciclo de Mercado.
Aí para um leitor mais atento pode ter surgido uma dúvida, mas qual ciclo ele está se referindo na sua pergunta do título? Ciclo de mercado ou ciclo econômico?
E aí começa a confusão, por que eu poderia estar me referindo ao ciclo psicológico. “- Ciclo psicológico?! WTF”. É porque é ciclo em cima de ciclo. Ciclo longo, ciclo curto, ciclo econômico, ciclo de mercado, ... Podemos estar no ápice da civilização humana e no futuro os ETs, ou quem sabe baratas inteligentes, vão descrever que era óbvio que era o topo do ciclo da história humana por isso e por aquilo. Isso não quer dizer que não acredito em ciclos. Acredito sim, é natural, a vida é cíclica. Aliás acho importante os ciclos econômicos que os Bancos Centrais tentaram evitar, suavizar ou empurrar ao longo de anos. A queda resolve muitas distorções, excessos e limpa os ineficientes. É um remédio amargo, mas até o momento não vejo outra solução que funcione.
É preciso pensar sobre onde estamos e o que pode ser para frente. Porém meu ponto é que não se consegue determinar exatamente onde estamos, seja qual for o ciclo que estamos falando. Depois, algum engenheiro de obra pronta vai caracterizar o ciclo, mas enquanto estamos no presente não conseguimos determinar. Posso ter uma ideia e determinar onde posso estar errado. É o que aprendi sobre mercados até aqui. Siga algo, mas esteja pronto para pular do barco. Até porque podemos pensar sobre a reflexividade, que George Soros aplicou aos mercados, e eu aprendi como dualidade da estrutura usando Anthony Giddens na dissertação. O ambiente influencia, mas nós também influenciamos o ambiente. Em outras palavras as condições econômicas influenciam, mas os agentes econômicos também. O estado atual não é determinante, ele pode ser modificado. Uma tentativa aqui: se a maioria acreditar que o S&P é para cima que ele vai, mesmo com tantas incertezas, e o efeito de um mercado para cima pode influenciar o restante. O americano se sente mais rico, gasta mais e impulsiona a economia. Teríamos que tratar inflação nessa minha tentativa de exemplificar, que é uma preocupação minha, mas ficaria mais longo do que já está este artigo.
Para encerrar gostaria de usar uma frase do Bertrand Russell porém poderia ofender alguns. Por isso vou ficar com essa aqui que atribuem à ele: “Aquilo que os homens de fato querem não é o conhecimento, mas a certeza.”
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