ReutersReuters

Ibovespa fecha em alta, mas tem maior perda semanal desde setembro com preocupação fiscal

O Ibovespa fechou em alta nesta sexta-feira, apoiado principalmente no avanço de mais de 2% das ações da Vale, mas sem conseguir reverter as perdas acumuladas na semana, marcada pela resposta negativa de agentes financeiros a medidas fiscais apresentadas pelo governo federal.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa IBOV subiu 0,85%, a 125.667,83 pontos, tendo marcado 126.055,96 pontos na máxima e recuado a 123.946,16 pontos na mínima da sessão. O volume financeiro somou 33,9 bilhões de reais.

Na semana, o Ibovespa acumulou uma perda de 2,68%, o pior desempenho semanal desde meados de setembro. Em novembro, apurou um declínio de 3,12%.

Após quase um mês de espera, o governo apresentou nessa semana medidas de ajustes de gastos prometidas, mas o pacote frustrou as expectativas de muitos analistas, que o classificaram como "modesto", afirmando que muitas propostas relevantes ficaram de fora ou foram desidratadas.

A inclusão de mudanças no imposto de renda, com a ampliação da faixa de isenção do IR da pessoa física, também desagradou, com agentes desconfiados sobre a real capacidade de compensação para tal medida, mesmo com a proposta de taxação maior de IR para quem ganha mais.

Para o diretor de investimentos da Reach Capital, Ricardo Campos, o pacote seria a oportunidade perfeita de cortar custos para acalmar o problema fiscal, aliviar o dólar, com efeitos benignos na inflação e nos juros. Mas, acrescentou, a percepção é de que o desfecho teve um efeito eleitoral.

"As primeiras declarações sobre o pacote em gestação trouxeram uma gota de esperança, mas na hora 'H' o governo preferiu dobrar a aposta de olho em 2026, principalmente após o resultado vergonhoso nas eleições municipais", destacou.

"Apesar do discurso apontando o mercado como ganancioso, o que os preços dos ativos estão refletindo é a preocupação com a trajetória da dívida, que se continuar crescendo nesse ritmo tende a afetar ainda mais a percepção de risco do país, enquanto a inflação tende a seguir para cima, pressionando os juros."

Nesta sexta-feira, dados do Banco Central mostraram que a dívida pública bruta do Brasil como proporção do PIB fechou outubro em 78,6%, contra 78,2% no mês anterior, enquanto a da dívida líquida foi a 62,1%, de 62,4%, o que corroborou as preocupações sobre o endividamento no país.

Na visão do gestor de renda variável Tiago Cunha, da Ace Capital, a trégua na bolsa paulista após duas sessões seguidas de baixa, com o Ibovespa trabalhando abaixo de 124 mil pontos mais cedo, teve ajuda de declarações dos presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, e do Senado, Rodrigo Pacheco.

Em ação coordenada, informada ao ministro da Fazenda na véspera, de acordo com uma fonte, Lira e Pacheco exaltaram a importância das medidas fiscais e enfatizaram que o debate da isenção do IR não será feita agora no Parlamento, com sua aprovação condicionada à existência de espaço fiscal.

"Eles conseguiram trazer alguma tranquilidade ao mercado nesta sessão, uma vez que de forma coordenada reforçaram o compromisso do Congresso em só aprovar medidas que respeitem o equilíbrio do arcabouço fiscal", destacou o gestor da Ace.

O Ibovespa renovou máximas no final do pregão, após o Banco Central divulgar que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva indicou o economista Nilton David, head trader do banco Bradesco, para assumir a diretoria de Política Monetária a partir de janeiro, no lugar de Gabriel Galípolo.

No exterior, as bolsas norte-americanas tiveram uma sessão encurtada na volta do feriado do Dia de Ação de Graças nos Estados Unidos, mas positiva, com o Dow Jones DJI e o S&P 500 SPX marcando recordes. Os rendimentos dos Treasuries, por sua vez, recuaram.

DESTAQUES

- VALE ON VALE3 subiu 2,17%, favorecida pelo avanço dos futuros do minério de ferro no exterior. O conselho de administração da mineradora também aprovou a distribuição de 0,52 real em JCP por ação, com pagamento previsto para março do próximo ano. A data de corte é 11 de dezembro.

- PETROBRAS PN PETR3 valorizou-se 0,8%, descolada do movimento do petróleo no exterior, onde o barril de Brent BRN1! caiu 0,46%. PETROBRAS ON PETR3 encerrou com acréscimo de 2,08%.

- MINERVA ON BEEF3 avançou 7,54%, uma vez que o setor tende a se beneficiar da valorização do dólar ante o real (BRBY), que tem renovado máximas históricas. JBS ON JBSS3 subiu 2,58%, MARFRIG ON MRFG3 valorizou-se 2,18% e BRF ON BRFS3 terminou em alta de 1,64%.

- ULTRAPAR ON UGPA3 subiu 4,97%, tendo como pano de fundo anúncio de recompra de ações e dados mostrando que as vendas de diesel B por distribuidoras no Brasil atingiram um recorde mensal em outubro, com alta também nas vendas de gasolina e etanol hidratado. O grupo é dono da rede Ipiranga.

- CARREFOUR BRASIL ON CRFB3 perdeu 4,9%, após um começo de semana mais positivo, com o movimento do dia sendo acompanhado de perto pelo rival ASSAÍ ON ASAI3, que caiu 2,51%, com agentes monitorando o movimento da curva de juros. GPA ON PCAR3 cedeu 0,75%.

- LOCALIZA ON RENT3 recuou 3,64%, afetada pelas perspectivas de taxas de juros mais elevadas por mais tempo no Brasil. MOVIDA ON MOVI3, que não está no Ibovespa, encerrou o pregão em baixa de 3,67%.

- BTG PACTUAL UNIT BPAC11M caiu 2,01%, em dia misto no setor, tendo ainda no radar as notícias fiscais, com ITAÚ UNIBANCO PN ITUB3 cedendo 0,24% e BRADESCO PN BBDC3 perdendo 1,02%, mas BANCO DO BRASIL ON BBAS3 e SANTANDER BRASIL UNIT SANB11M subindo 1,18% e 0,12%, respectivamente.

Para ver as maiores altas do Ibovespa, clique em (.PG.BVSP)

Para ver as maiores baixas do Ibovespa, clique em (.PL.BVSP)

Entrar ou criar uma conta gratuita para ler essa notícia

Mais notícias de Reuters

Mais notícias