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Dólar sobe e Ibovespa recua após dados dos EUA elevarem cautela sobre Fed

O dólar passou a subir frente ao real e o Ibovespa caía nesta quinta-feira, após dados abaixo do esperado de atividade dos Estados Unidos serem compensados por surpresa para cima na inflação trimestral, em meio a uma maior cautela sobre a trajetória da política monetária do Federal Reserve.

Dados desta quinta-feira mostraram que o crescimento econômico dos Estados Unidos desacelerou mais do que o esperado no primeiro trimestre, mas uma aceleração da inflação sugere que o Federal Reserve não cortará a taxa de juros tão cedo.

O Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA expandiu a uma taxa anualizada de 1,6% no último trimestre, informou o Departamento do Comércio. Economistas consultados pela Reuters previam um crescimento de 2,4%, com estimativas variando de um ritmo de 1,0% a uma taxa de 3,1%.

Pressionando os mercados, os dados mostraram que o núcleo do índice de preços PCE acelerou a alta para 3,7% no trimestre, acima da expectativa de 3,4%.

Na sexta-feira, serão divulgados os dados mensais do índice de inflação PCE.

Operadores de juros futuros passaram a precificar 34 pontos-base de afrouxamento monetário este ano pelo Fed, abaixo dos 43 pontos do final da quarta-feira, com o primeiro corte provavelmente em setembro ou novembro. (FEDWATCH)

Veja como estavam os principais mercados financeiros por volta das 11h40 desta quinta-feira:

CÂMBIO

O dólar passou a subir frente ao real nesta quinta-feira, após dados abaixo do esperado de atividade dos Estados Unidos serem compensados por surpresa para cima na inflação trimestral, em meio a uma maior cautela sobre a trajetória da política monetária do Federal Reserve.

Dados desta quinta-feira mostraram que o crescimento econômico dos Estados Unidos desacelerou mais do que o esperado no primeiro trimestre, mas uma aceleração da inflação sugere que o Federal Reserve não cortará a taxa de juros tão cedo.

O Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA expandiu a uma taxa anualizada de 1,6% no último trimestre, informou o Departamento do Comércio. Economistas consultados pela Reuters previam um crescimento de 2,4%, com estimativas variando de um ritmo de 1,0% a uma taxa de 3,1%.

Pressionando os mercados, os dados mostraram que o núcleo do índice de preços PCE acelerou a alta para 3,7% no trimestre, acima da expectativa de 3,4%.

Na sexta-feira, serão divulgados os dados mensais do índice de inflação PCE, que, por ser o preferido do Federal Reserve, pode ter maior impacto nos mercados do que a leitura do PIB.

Os mercados globais viveram uma onda de aversão a risco recentemente, uma vez que dados resilientes dos EUA e falas duras de autoridades do Fed levaram operadores a prever apenas dois cortes de 0,25 ponto percentual nos juros norte-americanos em 2024. Entre o final de 2023 e o início deste ano, os mercados chegaram a apostar em até 1,50 ponto percentual de afrouxamento monetário no período.

"Essa reprecificação que começou (com adiamento de apostas em cortes de juros) de março para junho, agora já está sendo postergada de junho talvez para setembro, mas muita gente já falando até mesmo em dezembro e talvez sinalizações de que essa taxa não seja cortada em 2024", disse Matheus Pizzani, economista da CM Capital.

"Então você percebe que são vários cenários e nenhum deles é muito positivo quando a gente pensa no nosso mercado de câmbio."

No Brasil, a incerteza externa somou-se a riscos fiscais locais e tem afetado as perspectivas de política monetária, com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, alertando que poderia haver uma desaceleração do ritmo de afrouxamento, o que levou a elevação nas projeções de mercado para o nível da Selic ao final deste ano.

"Essa redução (do diferencial de juros entre Brasil e EUA), em tese, poderia ajudar o real sim, mas esse movimento de enxugamento da liquidez internacional tira um pouco dessa compreensão mecânica. Aí você tem que olhar para a conjuntura, dentro dessa conjuntura (o diferencial de juros) não tem a mesma aderência, única e exclusivamente por conta dessa questão internacional."

Em teoria, um ritmo mais lento de afrouxamento monetário no Brasil seria positivo para o real, uma vez que isso preservaria melhor a rentabilidade do mercado de renda fixa, atraindo investidores estrangeiros.

Na véspera, o dólar à vista fechou o dia cotado a 5,1492 reais na venda, em alta de 0,40%.

. Dólar/Real (BRBY): +0,38%, a 5,1686 reais na venda;

. Euro/Dólar EURUSD: +0,19%, a 1,0717 dólar;

. Dólar/Cesta de moedas DXY: -0,08%, a 105,720.

IBOVESPA

O Ibovespa recuava nesta quinta-feira, com agentes financeiros analisando números sobre a economia norte-americana, enquanto a temporada de balanços trimestrais no Brasil destacava o resultado da Vale conhecido na noite da véspera, com lucro líquido abaixo das previsões de analistas.

De acordo com o gestor Tiago Cunha, da Ace Capital, uma combinação de eventos pressiona a bolsa paulista, incluindo o efeito negativo em Wall Street dos resultados da Meta, que desapontou nas perspectivas de investimento em inteligência artificial, e a decepção com o balanço da Vale.

Ele ainda chamou a atenção para dados dos EUA que contribuíam para um aumento significativo da incerteza sobre os próximos passos da autoridade monetária norte-americana.

O crescimento econômico dos EUA desacelerou mais do que o esperado no primeiro trimestre, com o PIB registrando uma expansão anualizada de 1,6%, mas uma aceleração da inflação manteve a perspectiva de que o Federal Reserve não cortará a taxa de juros antes de setembro.

O núcleo do índice de preços PCE, que exclui alimentos e energia, mostrou uma alta de 3,7%, após avanço de 2,0% no quarto trimestre. O PCE é a medida preferida do Federal Reserve para analisar o comportamento da inflação na maior economia do mundo.

"De um lado, o indicador de atividade aponta para uma desaceleração considerável frente ao observado no final do ano passado", observou o economista-chefe da Nomad, Danilo Igliori, ressaltando, porém, que os números de inflação foram fortes e reforçam dúvidas sobre o começo dos cortes de juros nos EUA.

"No limite, esse quadro liga um alerta para possibilidades da chamada — e tão temida — estagflação."

Em paralelo, os pedidos iniciais de auxílio-desemprego caíram em 5.000 na semana encerrada em 20 de abril, para 207.000 em dado com ajuste sazonal, segundo o Departamento do Trabalho. Economistas consultados pela Reuters, porém, previam 215.000 pedidos na última semana.

DESTAQUES

- VALE ON VALE3 caía após a mineradora divulgar que seu lucro líquido recuou 9% no primeiro trimestre, para 1,7 bilhão de dólares, enquanto analistas consultados pelo LSEG esperavam lucro de 1,9 bilhão de dólares. Cunha, da Ace Capital, chamou a atenção para custos acima do esperado pelo mercado registrados pela companhia. Na China, o contrato futuro de minério de ferro mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian TIO1! encerrou o dia com alta de 1,03%. Também no radar estava a oferta de 39 bilhões de dólares da BHP pela Anglo American.

- PETROBRAS PN PETR3 avançava, com as atenções voltadas para a assembleia de acionistas da petrolífera, quando deve decidir sobre a distribuição de 50% dos dividendos extraordinários retidos em março pela companhia. No exterior, o barril do petróleo Brent BRN1! tinha variação negativa de 0,51%.

- ITAÚ UNIBANCO PN ITUB3 e BRADESCO PN BBDC3 caíam.

- PETRORECONCAVO ON RECV3 mostrava declínio após a companhia e a Eneva divulgarem que não estão engajadas em negociação sobre eventual fusão dos negócios. Os papéis da petrolífera vinham de duas altas seguidas, de 2,6% e 4,7%. ENEVA ON ENEV3, que não faz parte do Ibovespa, perdia.

- ASSAÍ ON ASAI3 recuava mesmo após o varejista alimentar reportar na quarta-feira um aumento de 19,2% no lucro líquido do primeiro trimestre na base anual, para 93 milhões de reais, com receita mais alta beneficiada por um número maior de lojas e aceleração das vendas mesmas lojas.

- MAGAZINE LUIZA ON MGLU3 registrava queda, pressionada pelo movimento de alta na curva de juros brasileira, que pressionava o setor de consumo B3SA3 como um todo. Assembleia de acionistas da companhia também aprovou na véspera o grupamento de ações na proporção de 10 para 1.

- KLABIN UNIT KLBN11M era negociada em baixa após mostrar lucro líquido de 460 milhões de reais de janeiro ao final de março, queda de 64% sobre o desempenho de um ano antes, abaixo das previsões de analistas.

- COGNA ON COGN3 avançava, tendo como pano de fundo relatório de analistas do JPMorgan elevando a recomendação dos papéis para "overweight", destacando entre outros fatores que o grupo de educação melhorou significativamente seu perfil de fluxo de caixa.

. Ibovespa IBOV: -0,66%, a 123.918,36 pontos;

. Volume financeiro: R$5,12 bi

. Índice dos principais ADRs brasileiros (.BR20): -0,95%, a 18.881,19 pontos.

BOLSAS DOS EUA

As ações dos Estados Unidos caíam nesta quinta-feira, pressionadas pelas ações de crescimento após resultados trimestrais fracos da Meta, enquanto os sinais de inflação persistente diminuíam as expectativas de que o Federal Reserve cortará a taxa de juros em breve.

A Meta META despencava 14,7% depois que a empresa controladora do Facebook previu despesas mais altas e uma receita menor do que a esperada.

Empresas de mídia social como Snap SNAP e Pinterest PINS recuavam 4,2% e 4,9%, respectivamente.

Outras ações de crescimento também sofriam pressão, com Alphabet GOOG, Amazon.com AMZN e Microsoft MSFT caindo entre 4,3% e 4,5%.

Alphabet, Microsoft e Intel INTC divulgar]ao seus números trimestrais nesta quinta-feira, após o fechamento dos mercados.

Ampliando as perdas, o crescimento econômico dos EUA desacelerou mais do que o esperado no primeiro trimestre, mas a aceleração da inflação sugeriu que o Fed não cortará a taxa de juros antes de setembro.

"A economia continua a crescer, mas em um ritmo mais lento e você ainda tem uma inflação persistente, o que significa que o Fed provavelmente não cortará em junho e um grande ponto de interrogação para o restante do ano", disse Peter Cardillo, economista-chefe de mercado da Spartan Capital Securities.

Os dados foram divulgados antes dos números de março do índice PCE, o indicador de inflação preferido do Fed, na sexta-feira.

Os mercados monetários estão precificando apenas cerca de 36 pontos-base de cortes nos juros pelo Fed este ano, abaixo dos cerca de 150 pontos observados no início do ano, de acordo com dados do LSEG.

. Dow Jones DJI: -1,67%, a 37.817,48 pontos;

. Standard & Poor's 500 SPX: -1,19%, a 5.011,21 pontos;

. Nasdaq IXIC: -1,8%, a 15.429,66 pontos.

BOLSAS DA EUROPA

O índice pan-europeu STOXX 600 SXXP tinha queda de 1,11%, a 500,02 pontos.

Em LONDRES, o índice Financial Times UK100 avançava 0,14%, a 8.051,40 pontos.

Em FRANKFURT, o índice DAX DAX caía 1,48%, a 17.821,01 pontos.

Em PARIS, o índice CAC-40 PX1 perdia 1,52%, a 7.968,46 pontos.

Em MILÃO, o índice Ftse/Mib FTSEMIB tinha desvalorização de 1,33%, a 33.814,25 pontos.

Em MADRI, o índice Ibex-35 IBC registrava baixa de 1,04%, a 10.913,40 pontos.

Em LISBOA, o índice PSI20 PPSI20 desvalorizava-se 0,22%, a 6.515,87 pontos.

JURO

Mês

Ticker

Taxa (% a.a.)

Ajuste anterior (% a.a.)

Variação (p.p.)

JAN/25

(DIJF25)

10,385

10,343

0,042

JAN/26

(DIJF26)

10,69

10,619

0,071

JAN/27

(DIJF27)

11,02

10,925

0,095

JAN/28

(DIJF28)

11,295

11,192

0,103

JAN/29

(DIJF29)

11,49

11,383

0,107

DÍVIDA

. Treasuries de 10 anos US10Y: rendimento em alta a 4,7102%, ante 4,654% no pregão anterior;

PETRÓLEO

. Nymex - CL1!: -0,56%, a 82,35 dólares por barril;

. ICE Futures Europe - Brent BRN1!: -0,47%, a 87,61 dólares por barril.

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