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Dólar sobe antes de dados dos EUA e com política monetária em foco; Ibovespa tem oscilação tímida

O dólar passou a subir frente ao real nesta quarta-feira, com investidores parando as vendas após três quedas seguidas da moeda norte-americana e conforme as expectativas seguiam voltadas para dados de inflação dos Estados Unidos, enquanto o Ibovespa registrava variações modestas.

O mercado aguarda principalmente o índice de inflação PCE, o preferido do Federal Reserve, na sexta-feira, mas antes devem acompanhar dados do PIB dos EUA referentes ao primeiro trimestre, na quinta. Essas leituras podem influenciar as decisões de política monetária do Fed.

Operadores, que entre o final de 2023 e o início de 2024 chegaram a apostar em até 1,50 ponto percentual de afrouxamento monetário nos EUA ao longo deste ano, precificam atualmente apenas dois cortes de 0,25 ponto.

No Brasil, investidores continuavam de olho nas perspectivas de política monetária, uma vez que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, alertou que a elevação das incertezas poderia levar a uma desaceleração do ritmo de afrouxamento. Isso provocou uma elevação nas projeções de mercado para o nível da Selic ao final deste ano.

Na bolsa, um componente positivo era a ação da Vale, que subia na esteira da recuperação do minério de ferro e antes da divulgação do balanço da empresa.

Veja como estavam os principais mercados financeiros por volta das 11h40 desta quarta-feira:

CÂMBIO

O dólar passou a subir frente ao real nesta quarta-feira, com investidores parando as vendas após uma série de três quedas seguidas da moeda norte-americana, conforme as expectativas seguiam voltadas para dados de inflação dos Estados Unidos.

"Acho que ontem a gente viu um cenário de realização de lucros, que a gente já vem vendo há alguns dias, e agora é realmente aguardar os próximos dados e ver o que mostram de indícios sobre essa questão de haver dois cortes, ou não, dos juros nos EUA", disse Thiago Avallone, especialista em câmbio da Manchester Investimentos.

Na véspera, o dólar à vista fechou o dia cotado a 5,1285 reais na venda, em baixa de 0,80%. Em três dias úteis, a moeda acumulou queda de 2,33%, revertendo apenas parte dos fortes ganhos registrados mais cedo neste mês, em meio à reprecificação de cortes de juros pelo Federal Reserve e aos riscos fiscais domésticos.

Operadores, que entre o final de 2023 e o início de 2024 chegaram a apostar em até 1,50 ponto percentual de afrouxamento monetário nos EUA ao longo deste ano, precificam atualmente apenas dois cortes de 0,25 ponto.

Juros mais altos nos EUA são, num geral, benéficos para o dólar, já que tornam os rendimentos dos Treasuries mais atraentes, chamando investidores para os mercados norte-americanos.

Agora, a expectativa fica pela divulgação de dados do índice de inflação PCE, o preferido do Federal Reserve, na sexta-feira, e, antes disso, os dados do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA referentes ao primeiro trimestre, na quinta.

No Brasil, investidores continuavam de olho nas perspectivas de política monetária, uma vez que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, alertou que a elevação das incertezas poderia levar a uma desaceleração do ritmo de afrouxamento monetário. Isso levou a elevação nas projeções de mercado para o nível da Selic ao final deste ano.

Um ritmo mais lento de afrouxamento monetário no Brasil, em teoria, seria positivo para o real por preservar melhor a rentabilidade do mercado de renda fixa, mas esse aspecto positivo pode ser compensado pelo risco fiscal elevado que ajudou a provocar essa reprecificação sobre os juros em primeiro lugar.

. Dólar/Real (BRBY): +0,74%, a 5,1662 reais na venda;

. Euro/Dólar EURUSD: -0,05%, a 1,0694 dólar;

. Dólar/Cesta de moedas DXY: +0,14%, a 105,820.

IBOVESPA

O Ibovespa tinha variações modestas nesta quarta-feira, com a alta da Vale — na esteira do avanço do minério de ferro e antes da divulgação do balanço da empresa — contrabalançada pelo avanço nas taxas futuras de juros com prazos maiores.

No exterior, os rendimentos dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos de 10 anos avançavam, o que pesava nos DIs no Brasil, conforme a cautela é retomada antes de relevantes dados sobre a inflação norte-americana agendados para a sexta-feira.

Os principais índices acionários dos EUA, por sua vez, não mostravam uma direção única em Nova York.

Investidores no mercado brasileiro, conforme destacou a equipe da XP em nota a clientes, também estão na expectativa do envio ao Congresso pelo governo dos projetos de lei que regulamentam a reforma tributária sobre o consumo.

DESTAQUES

- VALE ON VALE3 subia, favorecida pela recuperação dos preços do minério de ferro na China, onde o contrato futuro da commodity mais líquido na Bolsa de Mercadorias de Dalian TIO1! encerrou o dia com alta de 3,08%. A mineradora divulga o balanço dos primeiros três meses do ano após o fechamento. Projeções compiladas pela LSEG apontam Ebitda de 3,65 bilhões de dólares.

- PETROBRAS PN PETR3 avançava, mesmo com a hesitação nos preços do petróleo Brent.

- ITAÚ UNIBANCO PN ITUB3 e BRADESCO PN BBDC3 caíam após desempenho mais robusto na véspera.

- PETZ ON PETZ3 recuava em dia de ajustes, após disparada desde o anúncio pela rede de lojas de produtos e serviços para animais de estimação na semana passada de memorando de entendimento não vinculante com a rival Cobasi para criarem a maior companhia no setor do país.

- CARREFOUR BRASIL ON CRFB3 reduziu o fôlego e tinham um declínio modesto, após divulgar na noite da véspera vendas brutas de 27,8 bilhões de reais no primeiro trimestre, considerando as vendas de combustíveis, aumento de 2,5% ante mesmo período de 2023. Excluindo combustíveis, as vendas consolidadas do grupo totalizaram 27 bilhões de reais no período, avanço também de 2,5%.

- ASSAÍ ON ASAI3 recuava antes da divulgação do balanço do primeiro trimestre, após o fechamento do mercado. Estimativas compiladas pela LSEG apontam resultado operacional medido pelo Ebitda de 1,19 bilhão de reais, com as receitas somando 17,44 bilhões de reais no período.

- CIELO ON CIEL3 caía após acionistas da empresa de meios de pagamentos rejeitaram em assembleia especial na terça-feira proposta de minoritários para realizar nova avaliação das ações no âmbito da oferta destinada a fechar o capital da companhia.

- AMBEV ON ABEV3 subia, tendo no radar resultado da Heineken HEIA nos primeiros três meses do ano. Comentando o desempenho no Brasil, o CEO da segunda maior cervejaria do mundo afirmou que a companhia se tornou a marca número 1 em valor no país e que a receita líquida cresceu entre 10% e 14% no período. A Ambev divulga seu balanço no dia 8 de maio.

- NEOENERGIA ON NEOE3, que não faz parte do Ibovespa, caía após divulgar depois do fechamento do mercado na terça-feira que obteve lucro líquido de 1,13 bilhão de reais no primeiro trimestre deste ano, cifra 7% menor que a registrada em igual período de 2023. O Ebitda caiu 3%, para 3,5 bilhões de reais.

. Ibovespa IBOV: -0,01%, a 125.129,39 pontos;

. Volume financeiro: R$4,95 bi

. Índice dos principais ADRs brasileiros (.BR20): -0,6%, a 19.024,11 pontos.

BOLSAS DOS EUA

O Nasdaq superava seus pares de Wall Street nesta quarta-feira, com a Tesla liderando os ganhos entre as ações de megacaps após seus resultados trimestrais, enquanto balanços positivos em outros setores também ofereciam apoio.

A Tesla TSLA liderava os ganhos entre as ações de megacaps com um salto de 9,7%, depois que a fabricante de veículos elétricos aliviou algumas preocupações sobre o crescimento com uma previsão de que as vendas aumentarão este ano e afirmou que lançará modelos mais acessíveis no início de 2025.

Algumas outras ações de crescimento também avançavam, com a Microsoft MSFT e a Nvidia NVDA subindo 0,8% e 1,6%, respectivamente.

A temporada de balanços está em pleno andamento, com a fabricante de medicamentos Biogen BIIB subindo 3,7% ao superar as expectativas de lucro para o primeiro trimestre.

A Boston Scientific BSX avançava 6,1% depois que a fabricante de dispositivos médicos aumentou sua previsão de lucro anual.

A Hasbro HAS tinha alta de 13,9% depois que a fabricante de brinquedos relatou uma queda menor do que a esperada nas vendas do primeiro trimestre e superou com folga as estimativas de lucro.

"A semana passada foi muito difícil para o Nasdaq, pois houve uma venda quase indiscriminada de todas as ações de crescimento", disse Russell Hackmann, presidente da Hackmann Wealth Partners. "Portanto, certamente estamos vendo uma espécie de recuperação."

As ações dos EUA recuperaram algumas perdas após a queda da semana passada, quando os investidores evitaram o risco em meio às tensões no Oriente Médio e a mais dados que levaram a um ajuste nas expectativas de corte de juros pelo Federal Reserve.

O foco agora se volta para a leitura do índice de preços PCE de março, o indicador de inflação preferido do Fed, que será divulgado na sexta-feira.

. Dow Jones DJI: -0,09%, a 38.469,65 pontos;

. Standard & Poor's 500 SPX: +0,16%, a 5.078,60 pontos;

. Nasdaq IXIC: +0,55%, a 15.782,52 pontos.

BOLSAS DA EUROPA

O índice pan-europeu STOXX 600 SXXP tinha queda de 0,25%, a 506,51 pontos.

Em LONDRES, o índice Financial Times UK100 avançava 0,07%, a 8.050,42 pontos.

Em FRANKFURT, o índice DAX DAX caía 0,13%, a 18.113,82 pontos.

Em PARIS, o índice CAC-40 PX1 perdia 0,04%, a 8.102,83 pontos.

Em MILÃO, o índice Ftse/Mib FTSEMIB tinha desvalorização de 0,20%, a 34.294,44 pontos.

Em MADRI, o índice Ibex-35 IBC registrava baixa de 0,53%, a 11.016,30 pontos.

Em LISBOA, o índice PSI20 PPSI20 desvalorizava-se 0,96%, a 6.529,41 pontos.

JURO

Mês

Ticker

Taxa (% a.a.)

Ajuste anterior (% a.a.)

Variação (p.p.)

JAN/25

(DIJF25)

10,345

10,298

0,047

JAN/26

(DIJF26)

10,64

10,502

0,138

JAN/27

(DIJF27)

10,955

10,811

0,144

JAN/28

(DIJF28)

11,225

11,08

0,145

JAN/29

(DIJF29)

11,41

11,271

0,139

DÍVIDA

Os rendimentos dos Treasuries subiam nesta quarta-feira, antes de um leilão do Tesouro de títulos de cinco anos e com os investidores aguardando dados econômicos desta semana para obter mais pistas sobre a política monetária do Federal Reserve.

O Tesouro dos EUA venderá 70 bilhões de dólares em notas de cinco anos nesta quarta-feira, o segundo leilão de um total de 183 bilhões de dólares em oferta de curto e médio prazo desta semana. O governo atraiu uma forte demanda para um leilão de 69 bilhões de dólares em títulos de dois anos na terça-feira e também venderá 44 bilhões de dólares em Treasuries de sete anos na quinta.

O principal foco econômico desta semana serão os dados do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA do primeiro trimestre, na quinta-feira, e o índice de despesas de consumo pessoal (PCE, na sigla em inglês) de março, na sexta-feira. Esses dados virão depois que um relatório de inflação de preços ao consumidor mais quente do que o esperado para março adiou as expectativas de quando o Fed começará a cortar as taxas de juros.

Os mercados estão "procurando ver o quanto o crescimento foi realmente robusto no primeiro trimestre, dados os dados de crescimento realmente fortes que vimos e a resiliência, ou reaceleração, das leituras de inflação também", disse Angelo Manolatos, estrategista macro do Wells Fargo em Nova York.

. Treasuries de 10 anos US10Y: rendimento em alta a 4,6644%, ante 4,598% no pregão anterior;

PETRÓLEO

. Nymex - CL1!: -0,53%, a 82,92 dólares por barril;

. ICE Futures Europe - Brent BRN1!: -0,35%, a 88,11 dólares por barril.

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