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Setor de petróleo diz a presidenciáveis que eficiência depende de preços livres

A eficiência do mercado brasileiro de óleo e gás depende de estabilidade regulatória e de preços livres, afirmou o Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), que está entregando um documento sobre o assunto aos presidenciáveis.

"Queremos que esses pilares sejam mantidos", disse nesta quarta-feira o presidente do IBP, Roberto Ardenghy, à Reuters.

A análise faz parte de um documento que está sendo entregue pela entidade a candidatos como o petista Luiz Inácio Lula da Silva, que já sinalizou que pretende rever a política de preços da Petrobras PETR3, hoje pautada pela paridade com os valores do mercado internacional.

O PT também quer fortalecer a participação do Estado no refino.

O IBP diz não ver problemas nesse fortalecimento da estatal, mas considera fundamentais as parcerias com o setor privado. O plano da Petrobras não prevê que a empresa saia totalmente do refino, devendo permanecer com as refinarias do Sudeste.

"A Petrobras mais forte só trará mais fortaleza ao setor, desde que esses quesitos, inclusive o de liberdade de preços, permaneçam. Hoje, já temos mais de 50 empresas (de petróleo) no Brasil, de todos os tamanhos. Isso gera uma dinamicidade no setor", disse o dirigente da associação que representa petroleiras e distribuidores de combustíveis.

O próprio presidente Jair Bolsonaro, candidato à reeleição, também foi um crítico dos lucros auferidos pela estatal com os preços mais altos do petróleo e combustíveis.

Ardenghy, ex-diretor de Relacionamento Institucional da Petrobras, acrescentou que não lhe cabe comentar "decisões individuais" de qualquer empresa.

"O importante é que o ambiente no Brasil seja concorrencial, em que você tenha oportunidades de praticar preços de acordo com a sua estrutura de custos, sua estratégia empresarial", acrescentou.

OFERTA GLOBAL

Do lado internacional, Ardenghy avalia que a restrição na oferta de petróleo vai permanecer "por cerca de um a dois anos", em meio a sanções que impactam a produção da Rússia, combinadas a um cenário de redução dos investimentos globais no setor, que lida com a transição energética e esforços para a descarbonização.

Ardenghy falou em momento em que o setor se prepara para a Rio Oil&Gas 2022, evento organizado pelo IBP na próxima semana. Petroleiras como Shell, Equinor 002NG e Petrobras participarão do evento.

No Brasil, cujos maiores investimentos têm sido feitos no pré-sal, o IBP estima aportes nos próximos dez anos de 183 bilhões de dólares na exploração de petróleo.

Robert Johnston, diretor executivo do Centro de Política Energética Global da Universidade de Columbia, nos EUA, que participará como palestrante da conferência, faz avaliação semelhante à do diretor do IBP.

"Havia uma preocupação mesmo antes da guerra com a falta de investimentos em novos poços, realmente voltando a níveis de 2014. Então, do lado da oferta no mercado há muito risco", disse à Reuters.

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