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Dólar sobe a R$5,16 e Ibovespa recua dos 111 mil pontos com piora externa

O dólar chegou a cair para a faixa de 5,06 reais nesta manhã, quando o Ibovespa ultrapassou os 111 mil pontos, mas o ânimo se reduziu à medida que Wall Street deixou as máximas e o dólar lá fora recuperou algum terreno, enquanto investidores se debruçavam sobre dados nos EUA e, no Brasil, balanços corporativos.

Evidenciando a instabilidade, o dólar caiu 0,47% na mínima do dia para na sequência tomar fôlego, reverter as baixas e subir 1,48%, a 5,1607 reais, no pico. O Ibovespa foi a 111.309,64 pontos no melhor momento do dia, mas despencou mais de 1 mil pontos até zerar a variação percentual do pregão.

Em Nova York, os índices acionários também deixaram os picos, embora ainda subissem. Os preços ao produtor nos EUA caíram inesperadamente em julho, ampliando chances de alta de 0,50 ponto percentual nos juros pelo Federal Reserve em setembro, em vez de elevação de 0,75 ponto.

Da safra de balanços no Brasil, Banco do Brasil BBAS3 superou as previsões do mercado e a ação dava suporte ao Ibovespa, anulado, por outro lado, pelas quedas de Petrobras PETR3 e BRF BRFS3 --esta divulgou prejuízo líquido de 468 milhões de reais no segundo trimestre, acima da perda de 240 milhões de reais registrada um ano antes e pior do que o esperado.

Na agenda macro, o volume de serviços cresceu 0,7% em junho na comparação como mês anterior, mostrando aceleração ante a taxa de 0,4% de maio, embora esta tenha sido revisada para baixo de 0,9% informado antes, mostraram dados do IBGE.

Veja como estavam alguns dos principais mercados financeiros globais às 12h25 (de Brasília) desta quinta-feira:

CÂMBIO

O dólar abandonou perdas de mais cedo e passou a subir nesta quinta-feira, negociado acima de 5,12 reais, com sinais de alívio inflacionário nos Estados Unidos sendo compensados por comentários recentes de autoridades do Federal Reserve, que renovaram seu compromisso em combater a inflação.

A alta desta manhã também foi atribuída por alguns participantes do mercado a movimento de ajuste, depois de a moeda norte-americana negociada no mercado interbancário ter fechado a última sessão em queda de 0,87%, a 5,0853 reais, seu menor patamar em oito semanas.

"O grande culpado pela forte melhora de humor verificada ontem foi um CPI (índice de inflação ao consumidor dos EUA) menor do que o esperado, o que alimentou expectativas de que o pico da inflação tenha ficado para trás", disseram estrategistas da Guide Investimentos em relatório.

"Não obstante, diversos dirigentes do Fed (Federal Reserve, banco central dos EUA) voltaram a reforçar que a batalha contra a inflação está longe de ganha, e que existem grandes chances de o Fomc (comitê de decisão de política monetária do Fed) seguir subindo o juro 2023 adentro", disse a Guide, notando que isso reduziu o ímpeto do movimento de alta de ativos de risco visto na quarta-feira.

Na véspera, o presidente do Federal Reserve de Minneapolis, Neel Kashkari, disse que o banco central dos EUA está "muito, muito longe de declarar vitória" sobre a inflação, enquanto o chefe do Fed de Chicago, Charles Evans, disse acreditar que o juro básico norte-americano precisará chegar a 4% até o final do próximo ano. Quanto mais altos os custos dos empréstimos na maior economia do mundo, mais o dólar tende a se beneficiar.

. Dólar/Real (BRBY): +1,33%, a 5,1533 reais na venda;

. Euro/Dólar EURUSD: +0,25%, a 1,0323 dólar;

. Dólar/Cesta de moedas DXY: -0,15%, a 105,060.

BOVESPA

O Ibovespa reduzia o fôlego nesta quinta-feira, em meio a movimentos de realização de lucros, após superar os 111 mil pontos na máxima, com uma bateria de resultados corporativos no radar, entre eles os números de Banco do Brasil BBAS3, que superaram as previsões do mercado.

A perda de força do Ibovespa vem após uma sequência de altas, que tem sido apoiada, principalmente, na perspectiva de que o Federal Reserve talvez não precise ser tão agressivo no aperto monetário para controlar a inflação nos Estados Unidos.

Tal prognóstico ganhou fôlego após dados de preços ao consumidor norte-americano mais baixos do que o esperado divulgados na véspera e foi reforçado por dados nesta quinta revelando queda inesperada nos preços ao produtor nos Estados Unidos em julho.

"Olhando a dinâmica recente de mercado, acredito que apenas um número (de inflação) muito mais alto do que as expectativas, e com um qualitativo muito ruim, será capaz de alterar a dinâmica mais positiva de curto prazo", diz Dan Kawa, diretor de Investimentos na gestora de recursos TAG.

"Ainda me parece que teremos que conviver com inflação mais alta por mais tempo nos EUA - e no mundo -, mas há questões técnicas, de valuation e posicionamento, que parecem estar dando suporte de curto-prazo às bolsas globais", afirmou em nota a clientes.

Na B3, vendas também são limitadas por sinalizações do Banco Central no Brasil e alívio na inflação de curto prazo do país, que também referendaram apostas de que o ciclo de alta da taxa Selic acabou ou está praticamente encerrado.

- BANCO DO BRASIL ON BBAS3 subia 5,48%, a 42,16 reais, após uma escalada do crédito impulsionar o lucro do segundo trimestre do banco de controle estatal, que também elevou suas previsões para as principais linhas de desempenho em 2022.

- MINERVA ON BEEF3 disparava 5,38%, a 13,52 reais, após o Ebitda alcançar o recorde de 778 milhões de reais para o período, aumento de 42,8% ano a ano. MARFRIG ON MRFG3, que divulga balanço após o fechamento, subia 2,32%, a 13,25 reais.

- GRUPO SOMA ON SOMA3 avançava 1,86%, a 12,04 reais, conforme o resultado operacional disparou 90,6% no segundo trimestre ano a ano, impulsionado por forte aumento de vendas.

- BRF ON BRFS3 caía 11,42%, a 15,20 reais, na esteira de prejuízo líquido de 468 milhões de reais no segundo trimestre, acima da perda de 240 milhões de reais registrada um ano antes e pior do que o esperado, afetado por dois eventos não recorrentes no trimestre: dívida designada como "hedge accounting" e hiperinflação na Turquia.

- EQUATORIAL ON EQTL3 cedia 3,81%, a 24,50 reais, após divulgar prejuízo líquido de 170 milhões de reais no segundo trimestre deste ano, revertendo o lucro de 510 milhões de reais registrado um ano antes, em resultado afetado por itens não recorrentes.

- BRASKEM PNA BRKM3 perdia 3,01%, a 35,74 reais, com resultado ligeiramente pior do que o esperado para o segundo trimestre, com prejuízo líquido de 1,4 bilhão de reais pressionado em parte por impacto de variação cambial.

- PETZ ON PETZ3 recuava 6,19%, a 10,60 reais, mesmo após a rede de pet shops divulgar na noite de quarta-feira lucro líquido ajustado de 32,8 milhões de reais, alta de 35,7% sobre o desempenho obtido um ano antes.

- VALE ON VALE3 subia 3,85%, a 72,75 reais, oferecendo um suporte relevante ao Ibovespa, uma vez que os contratos futuros de minério de ferro nas bolsas de Dalian e Cingapura avançaram nesta quinta-feira, com reabastecimento de estoques e compra especulativa sustentando os preços spot na China, maior produtora mundial de aço.

-PETROBRAS PN PETR3 caía 1,24%, a 36,65 reais, após uma abertura mais positiva, em sessão da alta do petróleo Brent no exterior BRN1!.

- XP INC XP caía 8,9% em Nova York, a 18,70 dólares, em mais uma sessão de forte queda. Analistas do JPMorgan cortaram a recomendação para as ações da XP Inc <XP.O> para "neutra" de "overweight", bem como reduziram o preço-alvo para 23 dólares no fim de 2023. Na véspera, a ação afundou mais de 13% após resultado trimestral com lucro quase estável e queda em margem operacional.

. Ibovespa IBOV: +0,02%, a 110.258,34 pontos;

. Volume financeiro: R$13,304 bi;

. Índice dos principais ADRs brasileiros (.BR20): -1,27%, a 18.209,85 pontos.

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JURO

Mês

Ticker

Taxa (% a.a.)

Ajuste anterior (% a.a.)

Variação (p.p.)

OUT/22

(DIJV22)

13,674

13,672

0,002

JAN/23

(DIJF23)

13,715

13,72

-0,005

JAN/24

(DIJF24)

12,955

12,93

0,025

JAN/25

(DIJF25)

11,925

11,875

0,05

JAN/26

(DIJF26)

11,72

11,67

0,05

JAN/27

(DIJF27)

11,745

11,715

0,03

BOLSAS DOS EUA

O índice S&P 500 bateu o nível mais alto em mais de três meses mais cedo nesta quinta-feira, ampliando o rali da sessão anterior com novas evidências de arrefecimento da inflação nos Estados Unidos, o que consolidava expectativas de alta menor dos juros.

Ações de crescimento e de tecnologia se recuperavam após dados mostrarem que os preços ao produtor nos EUA caíram inesperadamente em julho, ampliando chances de alta de 0,50 ponto percentual nos juros pelo Federal Reserve em setembro, em vez de elevação de 0,75 ponto.

Outro dado divulgado nesta quinta-feira mostrou que o número de norte-americanos que entraram com novos pedidos de auxílio-desemprego aumentou pela segunda semana consecutiva, indicando mais abrandamento no mercado de trabalho, apesar das condições ainda apertadas.

Os índices subiram de forma expressiva na quarta-feira, após leitura mais fraca do que o esperado nos preços ao consumidor. Os ganhos aconteceram mesmo depois de autoridades do Fed não terem deixado dúvidas de que irão apertar a política monetária até que as pressões de preços estejam sob controle.

Dez dos 11 setores do S&P 500 avançavam, com o financeiro S5TELS e o de serviços de comunicação S5TELS em alta de mais de 1%. As ações de energia, por sua vez, acompanhavam os ganhos nos preços do petróleo.

. Dow Jones DJI: +0,55%, a 33.493,05 pontos;

. Standard & Poor's 500 SPX: 0,49%, a 4.231,03 pontos;

. Nasdaq IXIC: +0,09%, a 12.866,77 pontos.

BOLSAS DA EUROPA

O índice pan-europeu STOXX 600 SXXP tinha queda de 0,01%, a 439,85 pontos.

Em LONDRES, o índice Financial Times UK100 recuava 0,55%, a 7.466,10 pontos.

Em FRANKFURT, o índice DAX DAX caía 0,10%, a 13.686,75 pontos.

Em PARIS, o índice CAC-40 PX1 ganhava 0,10%, a 6.530,19 pontos.

Em MILÃO, o índice Ftse/Mib FTSEMIB tinha valorização de 0,61%, a 22.841,80 pontos.

Em MADRI, o índice Ibex-35 IBC registrava alta de 0,28%, a 8.376,40 pontos.

Em LISBOA, o índice PSI20 PPSI20 valorizava-se 0,48%, a 6.239,97 pontos.

DÍVIDA

Os rendimentos dos Treasuries de dez anos passaram a subir nesta quinta-feira, antes de o Departamento do Tesouro vender novos títulos de 30 anos, mesmo com dados mostrando que os preços ao produtor dos Estados Unidos caíram inesperadamente em julho.

O Tesouro norte-americano venderá 21 bilhões de dólares em dívida com prazo em 30 anos (US30YT=RR), a venda final dos 98 bilhões de dólares em nova oferta de cupom desta semana.

"Há uma venda rápida acontecendo antes do leilão", disse Tom di Galoma, diretor administrativo da Seaport Global Holdings.

Dados mostraram que os preços ao produtor dos EUA parecem estar em uma tendência de queda.

Os mercados têm mostrado instabilidade em meio à mudança de expectativas sobre se o Federal Reserve aumentará os juros em 50 ou 75 pontos-base em sua reunião de política monetária de setembro, à medida que a inflação se modera e o crescimento do emprego permanece forte.

Operadores de futuros do juro básico do Fed estão precificando uma chance de 66% de um aumento de 50 pontos-base e chance de 34% de ajuste maior, de 75 pontos-base, em setembro. (FEDWATCH)

. Treasuries de 10 anos US10Y: rendimento em alta a 2,8421%, ante 2,781% no pregão anterior.

PETRÓLEO

. Nymex - CL1!: 1,73%, a 93,52 dólares por barril;

. ICE Futures Europe - Brent BRN1!: 1,6%, a 98,96 dólares por barril.

((Redação São Paulo, 55 11 56447757))

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