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Venezuela enfrenta sanções petrolíferas no novo mandato de Trump: o que esperar?

Pesquisas recentes mostram que os venezuelanos são amplamente contrários às sanções, com 65% contra as implementadas durante o primeiro mandato de Trump.

Essa recusa generalizada representa um ponto de vista essencial: os moradores acreditam que as advertências trazem mais dor do que soluções.

Nesse contexto, o especialista político Pablo Quintero explicou que o ressentimento das pessoas está aumentando, dizendo que as sanções não só resultaram em crises humanitárias, como também trouxeram um sentimento de abandono para as pessoas que não percebem progresso em suas condições de vida.

Ele argumentou que as pessoas se tornaram vítimas colaterais de uma luta política na qual não participaram.

O desempenho das sanções: uma estratégia incerta

As sanções econômicas — usadas principalmente como medida coercitiva unilateral — têm sido defendidas por muitos partidos políticos na Venezuela, especialmente pelos líderes da oposição, como uma estratégia para promover mudanças.

No entanto, como argumenta Quintero, essas sanções resultaram em mais miséria do que em mudança política.

O consumo de commodities está se degradando e os cidadãos não estão mais dispostos a gastar dinheiro em itens que não atendem às suas necessidades.

Pesquisas sobre os efeitos dessas sanções identificaram contração econômica e erros estratégicos por parte daqueles que as defendem.

À medida que a pressão para acabar com as sanções aumenta, os venezuelanos pedem um discurso não prescritivo que inclua suas necessidades e visão para o país.

Em uma declaração recente, o presidente Nicolás Maduro disse que a Venezuela está pronta para “suportar mais sanções”.

Enquanto isso, o bolívar perdeu mais de 30% de seu valor em relação ao dólar no último trimestre de 2024, e o Observatório Financeiro Venezuelano relata que a taxa de inflação do país atingiu 85% em 2024, tornando-a uma das mais altas da América Latina.

A superfície política e a defesa de sanções

O ambiente político construído em torno das sanções lembra um palco no qual atores globais se apresentam, particularmente o governo de Donald Trump, que foi a força principal por trás das proibições comerciais mundiais, a Ordem 13808, imposta à PDVSA, estatal venezuelana.

A Organização dos Estados Americanos (OEA) e os Estados Unidos também desempenharam papéis importantes no desenvolvimento da narrativa política local que alinhava os líderes políticos a essas políticas.

De acordo com Quintero, esse grupo e seus títulos relacionados não conseguem retratar as experiências reais dos venezuelanos.

As ações que afetam o governo também prejudicaram a economia, o que está pressionando os cidadãos.

“O custo dessa estratégia política tem sido alto, com muitos venezuelanos se tornando vítimas do conflito global e da agitação interna”, disse Quintero.

Quintero também avalia a dura realidade de que as pessoas comuns são sobrecarregadas com capacidades econômicas limitadas, enquanto seus governantes se envolvem em um jogo político.

Um nível totalmente novo de escândalo e responsabilidade

Enquanto as sanções faziam manchetes, a situação piorou em junho de 2023, quando Donald Trump fez uma declaração polêmica sobre o petróleo venezuelano em um evento republicano na Carolina do Norte, acrescentando que, se ele tivesse sido eleito, uma intervenção militar seria considerada.

Quintero argumenta que esses comentários não apenas analisam as profundezas da situação, mas também alienam ainda mais a nação venezuelana.

“É uma abordagem cínica da geopolítica, com pouca consideração pelo custo humano”, acrescentou.

Esses sentimentos contribuem para um jogo político maior, no qual a força militar pode ser um meio realista de prejudicar os pobres sob o pretexto de assistência humanitária.

Essa visão de mundo ganhou nova vida e está impulsionando uma narrativa que permite que forças estrangeiras interfiram nos assuntos do país.

O rastro do escândalo: diálogo primeiro e o princípio da concepção

Enquanto a Venezuela arcar com os custos das sanções econômicas e debate opções militares, a solução para uma mudança na situação se torna cada vez mais clara.

De acordo com Pablo Quintero, o momento de virada ocorre quando modificamos nossa abordagem à comunicação e a tornamos evidente por meio das demandas dos venezuelanos e dos vários pontos de vista das unidades políticas, independentemente de sua atitude ou apoio.

Sua visão aguçada defende a busca por um caminho para o progresso, redirecionando os esforços dos efeitos alarmantes das sanções para a promoção de qualidades econômicas que beneficiem o povo do país.

Bloqueio econômico e sanções setoriais na Venezuela

As sanções econômicas impostas na Venezuela, particularmente aquelas que visam petróleo, ouro e mineração, bem como o congelamento dos ativos do Banco Central, agravaram a crise econômica e humanitária já existente.

De acordo com um relatório de um relator da ONU, essas restrições tiveram um impacto significativo na geração de renda e na disponibilidade de recursos essenciais, incluindo saúde, educação e serviços públicos.

De acordo com uma pesquisa da Fedecámaras (a câmara industrial venezuelana) realizada em fevereiro de 2024, até 81% das empresas venezuelanas relataram que as sanções prejudicaram suas operações, sendo a consequência mais notável a incapacidade de comprar suprimentos necessários e contratar mão de obra qualificada, danificando ainda mais o setor energético.

Crise de saúde e problemas de mobilidade

O setor de saúde tem se tornado cada vez mais desafiador, com a principal causa sendo a fuga de pessoal e a falha no envio de equipamentos médicos, como vacinas e diagnósticos.

Devido ao direito da população à saúde, a escassez de assistência médica está pior do que nunca.

Além disso, o bloqueio da liberdade de transporte e o problema da gasolina, que é o principal combustível utilizado para o deslocamento, são dois dos problemas mais sérios que a chuva causa à mobilidade das pessoas.

Esse dilema de transporte, especialmente para os povos indígenas, limita severamente sua capacidade de participar da sociedade e obter serviços essenciais.

Entre eles, é importante observar que, mesmo antes dessas sanções, a Venezuela já estava passando por uma catástrofe econômica e social extrema como resultado das decisões políticas do governo.

Todas essas questões destacam as pressões e ameaças contínuas que mais sanções trariam a uma economia já esgotada e a uma situação política deteriorada.


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