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Salto de vagas de trabalho pode ser uma dor de cabeça para o Fed ou uma volta bem-vinda a 2019

Um relatório de emprego dos Estados Unidos muito forte em janeiro e contínuos números recordes de vagas de trabalho impõem ao Federal Reserve um dilema crescente entre avaliar a inflação futura com base em um mercado de trabalho que parece seguir super aquecido ou consolar-se com o fato de que, em ao mesmo tempo, o crescimento dos salários continua a arrefecer.

Mesmo com a criação de mais de meio milhão de vagas de trabalho por parte de empresas no mês passado, o crescimento do salário médio por hora caiu para 4,4%, ante 4,8% no mês anterior, e deu continuidade a um declínio do nível de cerca de 6% registrado na última primavera norte-americana.

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Thomson ReutersAverage hourly earnings growth Average hourly earnings growth

A dissonância nos dados --demanda elevada por trabalhadores e alguma redução na inflação salarial-- será um quebra-cabeça chave para os formuladores de política monetária resolverem enquanto planejam seus próximos movimentos na taxa de juros.

Para o Fed, a questão é se a economia pode voltar aos dias de inflação e desemprego baixos vistos antes do coronavírus surgir em 2020, ou se um declínio contínuo da inflação exigirá um mercado de trabalho mais fraco e maior desemprego.

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Thomson ReutersThe jobs hole facing Biden and the Fed The jobs hole facing Biden and the Fed

DESEQUILÍBRIOS

Os números de contratação mais fortes do que o esperado levaram a taxa de desemprego dos EUA para 3,4%, o menor patamar desde a primavera norte-americana de 1969.

Ainda assim, uma força de trabalho dos EUA que havia estagnado durante grande parte do ano passado cresceu 1,3 milhão nos últimos dois meses. Isso pode aliviar um fator agravante para empregadores e formuladores de política monetária, que viram a inércia da força de trabalho como uma contribuição para os enormes ganhos salariais do ano passado.

O secretário do Trabalho dos EUA, Martin Walsh, disse acreditar que o relatório desta sexta-feira mostra sinais de que a economia e o mercado de trabalho estão voltando firmemente ao normal.

As pessoas “estão se adaptando depois de dois anos pulando de emprego em emprego. Eles estão entrando em carreiras”, disse Walsh. “Acho que você verá mais disso à medida que avançamos.”

Enquanto isso, o presidente da Inflation Insights, Omair Sharif, atribuiu grande parte da aparente moderação no crescimento salarial ao fato de que os meses anteriores foram revisados para cima como parte do processo de revisão anual de referência do Departamento do Trabalho, refletido no relatório de janeiro. Em uma base trimestral anualizada, observou ele, os salários subiram mais em janeiro do que em outubro.

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Thomson ReutersA new golden age?

DE VOLTA PARA 2019?

Porém havia outras interpretações.

O chair do Fed, Jerome Powell, em sua coletiva de imprensa após a reunião do banco central norte-americano nesta semana, concordou que seriam necessários mais aumentos de juros para trazer a inflação de volta à meta de 2%, e destacou que o mercado de trabalho permaneceu desequilibrado e que o crescimento salarial provavelmente precisava arrefecer ainda mais, principalmente no setor de serviços.

No entanto, ele também ressaltou que um processo de "desinflação" havia se enraizado nos Estados Unidos e que o crescimento dos salários e dos custos trabalhistas estava em desaceleração --tudo até agora sem nenhum dano a contratações ou empregos.

Powell ressaltou que os anos imediatamente anteriores à pandemia de Covid-19 em 2020 apresentavam de forma simultânea baixo desemprego, baixa inflação e crescimento salarial modesto de forma sustentável, prova de que um conjunto de melhores condições era alcançável.

Se sustentadas, as tendências atuais de salários, preços e contratações devem voltar a essa direção.

((Tradução Redação Brasília))

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