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Dólar vai abaixo de R$5,00 com diferencial de juros; Ibovespa recua

O dólar caía acentuadamente nesta quinta-feira e era negociado abaixo do nível de 5,00 reais pela primeira vez em quase oito meses, depois que uma nova desaceleração no ritmo de aperto monetário nos Estados Unidos e a sinalização de juros elevados por mais tempo no Brasil pintaram um quadro de diferencial de juros favorável à divisa doméstica.

Na véspera, o Federal Reserve elevou sua meta de taxa de juros em 0,25 ponto percentual, uma desaceleração em relação a aumentos anteriores de 0,50 e até 0,75 ponto, enquanto o Banco Central do Brasil decidiu manter a Selic em 13,75% e ressaltou que a incerteza fiscal e a deterioração nas expectativas de inflação do mercado elevam o custo para que a autoridade monetária atinja suas metas, sugerindo taxas altas por mais tempo.

Enquanto o real era beneficiado por esse cenário, o Ibovespa recuava nesta sessão, com declínio nos papéis da Vale e da Petrobras diante da fraqueza de commodities no exterior.

Investidores também repercutiam nesta quinta-feira o resultado das eleições para as lideranças do Congresso, depois que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva conseguiu o que queria ao ver reeleitos Arthur Lira (PP-AL) como presidente da Câmara e Rodrigo Pacheco (PSD-MG) como presidente do Senado, ainda que a oposição bolsonarista tenha demonstrado relativa força política entre os senadores.

Veja como estavam os principais mercados financeiros por volta das 12h30 desta quinta-feira:

CÂMBIO

O dólar caía acentuadamente nesta quinta-feira e era negociado abaixo do nível de 5,00 pela primeira vez em quase oito meses, depois que uma nova desaceleração no ritmo de aperto monetário do Federal Reserve e a manutenção da Selic em patamar elevado pelo Banco Central pintaram um quadro de diferencial de juros favorável à divisa doméstica.

O tombo do dólar foi desencadeado em parte pela decisão da véspera do Federal Reserve de elevar sua meta de taxa de juros em 0,25 ponto percentual, uma desaceleração em relação a aumentos anteriores de 0,50 e até 0,75 ponto.

"Ganhou força desde o final do ano passado a ideia de que o Fed ia desacelerar a alta de juros, e isso se concretizou ontem e enfraquece o dólar em relação às moedas todas, é um movimento global", disse à Reuters Bruno Mori, planejador financeiro pela Planejar.

Ainda na quarta-feira, o Banco Central do Brasil decidiu manter a Selic em 13,75% ao ano e ressaltou que a incerteza fiscal e a deterioração nas expectativas de inflação do mercado elevam o custo para que a autoridade monetária atinja suas metas, sugerindo taxas altas por mais tempo.

"A ideia de que os juros não vão cair tão cedo ganham cada vez mais força e evidência prática, e o fluxo para o mercado local tende cada vez mais a aumentar", explicou Mori, destacando o amplo espaço entre os patamares de juros no Brasil e nos Estados Unidos.

Quanto maior o diferencial entre os custos dos empréstimos domésticos e internacionais, mais atraente fica o real para uso em estratégias de "carry trade", que consistem na contratação de empréstimo em país de juro baixo e aplicação desses recursos em praça mais rentável. Desta forma, a manutenção da Selic no nível elevado atual e um arrefecimento do aperto monetário do Fed jogam a favor da divisa brasileira.

Para além do fator juro, alguns investidores apontaram o resultado das eleições para as lideranças do Congresso como um suporte adicional para o real, depois que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva conseguiu o que queria ao ver reeleitos Arthur Lira (PP-AL) como presidente da Câmara e Rodrigo Pacheco (PSD-MG) como presidente do Senado.

"Câmara e Senado consolidaram condições de governabilidade melhores, isso é super positivo para a questão da atividade (econômica)", disse Mori, que também citou uma reabertura econômica na China como outro impulso para a divisa doméstica.

Com o real nadando a favor da correnteza, a tendência para o mês de fevereiro é de que o dólar rompa definitivamente a barreira dos 5,00 reais para baixo, acrescentou o especialista.

Na véspera, a moeda norte-americana à vista já havia fechado em queda de 0,25%, a 5,0633 reais na venda, patamar de encerramento mais baixo desde 4 de novembro passado (5,0524).

. Dólar/Real (BRBY): -1,42%, a 4,9904 reais na venda;

. Euro/Dólar EURUSD: -0,73%, a 1,0909 dólar;

. Dólar/Cesta de moedas DXY: 0,72%, a 101,680.

BOVESPA

O Ibovespa caía nesta quinta-feira, em meio ao avanço de B3 e desempenho positivo de Itaú Unibanco e Bradesco apesar do fraco resultado trimestral do Santander Brasil, mas com declínio dos papéis da Vale e da Petrobras diante da fraqueza de commodities no exterior.

Investidores também repercutiam a decisão do Banco Central de manter a Selic em 13,75% ao ano na véspera, mas ressaltar que a incerteza fiscal e a deterioração nas expectativas de inflação do mercado elevam o custo para que atinja suas metas.

"O Copom subiu o tom para desancoragem das expectativas, indicando que deverá manter a taxa de juros em patamar elevado por um longo período", afirmou o Departamento de Economia do Bradesco, chefiado por Fernando Honorato.

Ainda assim, acrescentou, a comunicação segue compatível com nosso cenário de Selic permanecendo no atual patamar pela maior parte do ano, com redução gradual a 12,25% até o final de 2023, que incorpora também um contexto de desaceleração da atividade econômica e da inflação.

"A consolidação desse cenário, no entanto, dependerá dos debates estruturais em curso, principalmente das sinalizações sobre o novo arcabouço fiscal e a sobre a meta de inflação", afirmou em relatório a clientes.

No exterior, Wall Street endossava o viés comprador na bolsa paulista, com o S&P 500 SPX em alta de 0,8% e Meta META disparando após anunciar recompra de ações e prometer cortar custos em 2023, um dia após o Federal Reserve desacelerar o ritmo de aperto monetário nos Estados Unidos.

DESTAQUES

- VALE ON VALE3 caía 3,12%, a 90,54 reais, em sessão bastante negativa para o setor de mineração e siderurgia como um todo. Na Ásia, os contratos futuros de minério de ferro caíram para uma mínima de duas semanas nesta quinta-feira, com os traders reavaliando as perspectivas de demanda na China, importante consumidora do produto, apesar das expectativas de mais estímulos para apoiar a recuperação econômica do país. No setor, CSN ON CSNA3 caía 4,1%, seguida por seguida por USIMINAS PNA USIM3 E GERDAU PN GGBR3, que recuavam mais de 3%.

- SANTANDER BRASIL UNIT SANB11M operava estável, a 27,35 reais, revertendo abertura negativa, quando recuou a 26,62 reais, mas também se distanciando da máxima, quando chegou a 28,52 reais. O banco divulgou mais cedo lucro de 1,69 bilhão de reais no quarto trimestre, bem abaixo das expectativas, pressionado pelo aumento de provisões para perdas com empréstimos. Na véspera, as units fecharam em queda de 5,5%. No setor, Itaú Unibanco PN ITUB3 subia 1,16%, Bradesco PN BBDC3 avançava 1,43% e Banco do Brasil ON BBAS3 valorizava-se 0,25%.

- PETROBRAS PN PETR3 cedia 0,78%, a 25,51 reais, em meio à fraqueza dos preços do petróleo no exterior, onde o contrato do tipo Brent BRN1! recuava 0,08%, a 82,77 dólares o barril. A Petrobras também informou na véspera que um órgão do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) negou na quarta-feira provimento a recursos interpostos pela companhia e decidiu que seriam devidos IRPJ e CSLL de 5,7 bilhões de reais relativos aos lucros de sua controlada no exterior referentes aos exercícios de 2011 e 2012.

- B3 ON IBOV subia 2,4%, a 13,22 reais, fornecendo uma contribuição positiva relevante ao Ibovespa.

- VIA ON (VIIA3.SA) valorizava-se 5,53%, a 2,48 reais, em dia de desempenho positivo para o setor de varejo, com MAGAZINE LUIZA ON MGLU3 avançando 3,96%, a 4,46 reais. O índice do setor de consumo na B3 B3SA3, que também tem em sua composição papéis como Alpargatas ALPA3, Ambev ABEV3, Cogna COGN3, Localiza RENT3, entre muitos outros, subia 0,97%. AMERICANAS ON (AMERR3.SA), que não está no Ibovespa, caía 8,13%, a 1,92 real, após sequência de seis pregões de alta.

- EZTEC ON EZTC3 ganhava 3,96%, a 14,45 reais, recuperando-se de forte queda na véspera, quando fechou em baixa de mais de 5%, no pior desempenho diário em cerca de dois meses. No setor, CYRELA ON CYRE3 tinha alta de 4,07% e MRV ON MRVE3 subia 2,75%. O índice do setor imobiliário na B3 B3SA3, que também inclui ações de shopping centers, mostrava acréscimo de 2,31%.

- LOCAWEB ON LWSA3 subia 5,7%, a 6,68 reais, embalada pelo dia positivo para ações de tecnologia nos Estados Unidos, após resultado e previsões da Meta, dona do Facebook.

- OI ON OIBR3, que não está no Ibovespa, desabava 24,15%, a 1,79 reais. A empresa pediu à Justiça do Rio de Janeiro uma liminar que a proteja de credores com os quais detém cerca de 29 bilhões de reais em dívidas, incluindo bancos e detentores de títulos, em passo que pode vir antes de um novo processo de recuperação judicial da companhia. A medida vem após a Oi sair de um processo de proteção contra credores em dezembro passado.

. Ibovespa IBOV: -1,1%, a 110.842,72 pontos;

. Volume financeiro: R$7,4 bi

. Índice dos principais ADRs brasileiros (.BR20): -0,3%, a 17.722,46 pontos.

BOLSAS DOS EUA

As ações de Wall Street saltavam nesta quinta-feira, com o Nasdaq subindo 2% conforme a Meta Platforms disparava após reduzir previsão de custos, enquanto uma mensagem menos agressiva com a inflação do chair do Federal Reserve, Jerome Powell, aumentava as apostas em um pouso mais suave para a economia dos Estados Unidos.

. Dow Jones DJI: -0,54%, a 33.907,53 pontos;

. Standard & Poor's 500 SPX: 0,90%, a 4.156,44 pontos;

. Nasdaq IXIC: +1,81%, a 12.030,68 pontos.

BOLSAS DA EUROPA

O índice pan-europeu STOXX 600 SXXP tinha alta de 0,94%, a 457,34 pontos.

Em LONDRES, o índice Financial Times UK100 avançava 0,53%, a 7.801,88 pontos.

Em FRANKFURT, o índice DAX DAX subia 1,57%, a 15.418,79 pontos.

Em PARIS, o índice CAC-40 PX1 ganhava 0,90%, a 7.140,78 pontos.

Em MILÃO, o índice Ftse/Mib FTSEMIB tinha valorização de 0,86%, a 26.933,16 pontos.

Em MADRI, o índice Ibex-35 IBC registrava alta de 1,27%, a 9.213,60 pontos.

Em LISBOA, o índice PSI20 PPSI20 valorizava-se 0,48%, a 5.935,59 pontos.

JUROS

Mês

Ticker

Taxa (% a.a.)

Ajuste anterior (% a.a.)

Variação (p.p.)

JUL/23

(DIJN23)

13,72

13,726

-0,006

AGO/23

(DIJQ23)

13,74

13,735

0,005

OUT/23

(DIJV23)

13,72

13,704

0,016

JAN/24

(DIJF24)

13,63

13,588

0,042

JAN/25

(DIJF25)

12,945

12,885

0,06

JAN/26

(DIJF26)

12,83

12,845

-0,015

JAN/27

(DIJF27)

12,84

12,904

-0,064

JAN/28

(DIJF28)

12,895

12,966

-0,071

JAN/29

(DIJF29)

13

13,074

-0,074

DÍVIDA

. Treasuries de 10 anos US10Y: rendimento em queda a 3,3799%, ante 3,398% no pregão anterior;

PETRÓLEO

. Nymex - CL1!: -1,6%, a 75,19 dólares por barril;

. ICE Futures Europe - Brent BRN1!: -1,57%, a 81,54 dólares por barril.

((Redação São Paulo, 55 11 56447723))

LB

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