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Desmatamento cria "fumaça" no protagonismo agrícola do Brasil, diz CEO da JBS

O desmatamento no Brasil cria uma "fumaça nesse nosso protagonismo da produção" agropecuária, disse nesta quarta-feira o CEO da JBS, Gilberto Tomazoni, ressaltando que é fundamental acabar com o desflorestamento ilegal, que responderia por cerca de 95% do desmate total.

Na XP Agro Conference, ele ainda defendeu apoio técnico aos pequenos produtores como uma das formas de combater o desmatamento, argumentando que os grandes sabem dos impactos econômicos e também são afetados pelos danos gerados pelo desflorestamento.

"O Brasil não tenha dúvida que tem protagonismo no agro, nós fizemos agricultura de precisão, em tudo o Brasil tem protagonismo... Agora, esses produtores não desmatam, esses muito conscientes, sustentáveis e que produzem com alta tecnologia, o desmatamento não ocorre ali, ocorre nos pequenos produtores, e 95% do desmatamento é ilegal no Brasil", disse ele a jornalistas, citando a importância de um programa integrado do país para acabar com a prática fora da lei.

Ele disse que compradores de países como a União Europeia, que discute medidas para colocar restrições comerciais a nações que desmatam, deveriam considerar o fato de que o Brasil é um país continental e tem questões peculiares.

"A União Europeia está discutindo uma lei do desmatamento, e nós concordamos com eles, é importante não desmatar, estamos no mesmo lado... o que queremos é que seja feito de uma maneira mais integrada e parceira", comentou, ressaltando que a UE, com suas classificações, não nota boas práticas sustentáveis realizadas em boa parte do Brasil.

"O Brasil tem uma dimensão continental, como vai classificar? Queremos fazer parte dessa discussão, o governo tem de fazer parte, para que as coisas não sejam unilaterais, para que não tenha medidas restritivas do negócio", completou.

Ele defendeu ainda que europeus façam pagamentos por serviços ambientais aos agricultores que preservam as matas, ainda que tenham direitos legais de desmatar parte da propriedades.

"Tem que vir financiamento, hoje só 2% do que vai para financiamento do meio ambiente vai para o 'agrofood', então precisamos trazer financiamentos para ajudar os pequenos produtores, para que eles possam fazer a transição de forma mais sustentável, com assistência técnica e acesso a financiamentos."

Ele disse que a agenda climática global tem agora dado maior ênfase a questões de segurança alimentar, e ressaltou que o Brasil pode ser ambientalmente sustentável e avançar na produção agrícola.

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