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Dólar cai forte com fluxo e Ibovespa vira para alta; Americanas revela credores

O dólar caía ante o real nesta quarta-feira, diante de fluxo de recursos para o Brasil e algum enfraquecimento da moeda norte-americana no exterior, enquanto o Ibovespa reverteu perdas de mais cedo e subia, apesar de pregão negativo em Wall Street.

O dia é de feriado na cidade de São Paulo, por causa do aniversário da capital paulista, mas a B3 funciona normalmente.

A entrada de recursos estrangeiros no país segue em voga no mercado, em pregão com poucas novidades no front doméstico, com operadores monitorando em especial a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Uruguai.

Balanços mais fracos impulsionavam queda forte dos principais índices em Wall Street, enquanto a moeda norte-americana, em geral, se enfraquecia. Os rendimentos de títulos do governo dos Estados Unidos cediam.

Entre as empresas, a Americanas divulgou uma lista de mais de 7 mil credores, com dívidas totais de 41,2 bilhões de reais.

Veja como estavam os principais mercados financeiros por volta das 12h45 desta quarta-feira:

CÂMBIO

O dólar caía ante o real nesta quarta-feira, estendendo perdas das últimas duas sessões, novamente influenciado pela entrada de recursos estrangeiros no Brasil, segundo agentes financeiros, e diante do enfraquecimento da moeda norte-americana no exterior, em especial no final da manhã.

O dia é de feriado em São Paulo, o que pode reduzir a liquidez, ainda que a B3 funcione normalmente. Parte dos mercados asiáticos, incluindo o chinês, segue fechado devido ao Ano Novo Lunar.

"O real tem um descolamento frente a um sentimento externo", disse à Reuters o gerente da mesa de câmbio da Commcor, Cleber Alessie. "Realmente parece que está havendo fluxo para cá esses dias", acrescentou.

Agentes financeiros vêm mencionando nas últimas semanas a entrada de recursos estrangeiros no Brasil, atribuindo o movimento especialmente à expectativa que o final de ciclo de alta dos juros nos Estados Unidos esteja próximo. O Federal Reserve se reúne semana que vem e a aposta majoritária no mercado é de nova redução no ritmo de aperto monetário pelo banco central norte-americano.

Com a perspectiva de juros não tão altos nos EUA — atualmente entre 4,25% e 4,50%-- o real se torna mais atrativo, à medida que a Selic está em 13,75% ao ano no Brasil.

Além disso, operadores também citam a reabertura da China, a alta de commodities e certo otimismo com a cena doméstica como fatores que podem estar contribuindo para o fluxo de recursos ao país.

No exterior, o dólar DXY, que mostrava estabilidade mais cedo, caía ante uma cesta de moedas fortes. Mesmo assim, o desempenho ante o real era destaque na sessão tanto contra divisas de países desenvolvidos quanto de emergentes.

A agenda de indicadores e de declarações de membros do Fed está esvaziada nesta quarta-feira, com balanços corporativos em destaque em Wall Street.

Operadores monitoram ainda a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Uruguai, onde se encontrará com o presidente do país, Luís Alberto Lacalle Pou, de acordo com sua agenda.

O governo brasileiro tentará encontrar durante a visita uma saída diplomática para preservar o Mercosul, que se vê ameaçado pela decisão do Uruguai de negociar acordos de livre comércio à revelia do bloco, em especial com a China.

Na véspera, o dólar à vista fechou em queda de 1,09%, a 5,1428 reais na venda.

. Dólar/Real (BRBY): -1,23%, a 5,0795 reais na venda;

. Euro/Dólar EURUSD: +0,06%, a 1,0891 dólar;

. Dólar/Cesta de moedas DXY: -0,07%, a 101,840.

BOVESPA

O Ibovespa recuperava o fôlego nesta quarta-feira, voltando a trabalhar acima dos 113 mil pontos após começar o pregão com movimentos de realização de lucros, tendo as ações da Magazine Luiza entre os destaques positivos, com alta de mais de 5%.

Em Wall Street, o S&P 500 SPX cedia após perspectivas de Microsoft e resultados da Boeing ampliaram os temores de uma recessão. Na visão da equipe da Guide Investimentos, dada a ausência de grandes eventos do lado econômico, a sessão tende a ficar mais parada, conforme relatório enviado a clientes mais cedo nesta quarta.

DESTAQUES

- PETROBRAS PN PETR3 subia 0,19%, a 26,65 reais. Investidores seguem na expectativa pela reunião de Conselho de Administração da estatal na quinta-feira, que irá analisar a indicação do senador Jean Paul Prates (PT-RN) para presidir a empresa. Ele planeja apresentar ao governo federal sua lista de indicados para as diretorias na sexta-feira se for aprovado, disseram duas fontes à Reuters.

- BTG PACTUAL UNIT BPAC11M passou a avançar 0,33%, a 21,22 reais, mesmo após a Justiça do Rio de Janeiro suspender o bloqueio de cerca de 1,2 bilhão de reais da Americanas em poder do banco de investimentos. No setor, em meio à divulgação da lista de credores da Americanas, ITAÚ UNIBANCO PN ITUB3 ganhava 0,24% e BRADESCO PN BBDC3 exibia alta de 0,56%.

- MAGAZINE LUIZA ON MGLU3 subia 5,92%, a 4,95 reais, tendo disparado quase 45% até a véspera desde o anúncio dos problemas contábeis da Americanas, uma vez que analistas veem a varejista de beneficiando e ganhando participação de mercado da rival.

- AMERICANAS ON AMER3, que não está mais no Ibovespa, subia 6,25%, a 0,85 reais, após conseguir suspender na véspera o bloqueio de cerca de 1,2 bilhão de reais em poder do BTG Pactual, bem como o "arresto/sequestro dos valores reclamados pela companhia e que tinham sido bloqueados pelos Bancos Safra e Votorantim". A companhia também divulgou sua lista de credores.

- VALE ON VALE3 registrava acréscimo de 0,18%, a 95,47 reais, enquanto segue sem o referencial dos preços do minério de ferro na China em razão do feriado do Ano Novo Lunar. No setor, porém, CSN MINERAÇÃO ON CMIN3 avançava 2,4%.

. Ibovespa IBOV: +0,26%, a 113.319,33 pontos;

. Volume financeiro: 7 bilhões de reais;

. Índice dos principais ADRs brasileiros (.BR20): +1,03%, a 17.903,45 pontos.

BOLSAS DOS EUA

Os principais índices de Wall Street abriram em queda nesta quarta-feira, conforme números trimestrais fracos da Microsoft e da Boeing ampliaram os temores de uma recessão, com as ações de tecnologia liderando os declínios.

. Dow Jones DJI: -1,19%, a 33.333,07 pontos;

. Standard & Poor's 500 SPX: -1,46%, a 3.958,20 pontos;

. Nasdaq IXIC: -2,02%, a 11.104,93 pontos.

BOLSAS DA EUROPA

O índice pan-europeu STOXX 600 SXXP tinha queda de 0,55%, a 450,89 pontos.

Em LONDRES, o índice Financial Times UK100 recuava 0,47%, a 7.720,69 pontos.

Em FRANKFURT, o índice DAX DAX caía 0,30%, a 15.048,37 pontos.

Em PARIS, o índice CAC-40 PX1 perdia 0,35%, a 7.026,10 pontos.

Em MILÃO, o índice Ftse/Mib FTSEMIB tinha desvalorização de 0,46%, a 25.764,99 pontos.

Em MADRI, o índice Ibex-35 IBC registrava baixa de 0,28%, a 8.941,90 pontos.

Em LISBOA, o índice PSI20 PPSI20 desvalorizava-se 1,12%, a 5.872,94 pontos.

JUROS

Mês

Ticker

Taxa

(% a.a.)

Ajuste anterior (% a.a.)

Variação (p.p.)

JUL/23

(DIJN23)

13,69

13,705

-0,015

AGO/23

(DIJQ23)

13,7

13,717

-0,017

OUT/23

(DIJV23)

13,63

13,664

-0,034

JAN/24

(DIJF24)

13,485

13,538

-0,053

JAN/25

(DIJF25)

12,65

12,749

-0,099

JAN/26

(DIJF26)

12,565

12,719

-0,154

JAN/27

(DIJF27)

12,615

12,803

-0,188

JAN/28

(DIJF28)

12,7

12,894

-0,194

JAN/29

(DIJF29)

12,81

13,014

-0,204

DÍVIDA

Os rendimentos dos Treasuries caíam nesta quarta-feira, movimento que refletia preocupações com uma desaceleração econômica antes da reunião de definição da taxa de juros do Federal Reserve na próxima semana.

Depois de uma série de grandes aumentos da taxa básica no ano passado, espera-se que o banco central dos Estados Unidos eleve os juros em um movimento menor de 0,25 ponto percentual na próxima semana, após sinais de arrefecimento da inflação. A perspectiva de um ritmo de aperto monetário mais lento reforçou recentemente algumas expectativas do chamado pouso suave --cenário em que a inflação diminui em um quadro de crescimento econômico enfraquecido, mas resiliente. Mas temores de uma contração econômica iminente afetavam os mercados nesta quarta-feira, depois que uma orientação de receita sombria da Microsoft MSFT na terça-feira pesava sobre ações de crescimento e com investidores focados em relatórios de balanços corporativos para avaliar o impacto das altas dos custos dos empréstimos por parte do Fed e se o recente entusiasmo por tais papéis será sustentado. Enquanto isso, dados de inflação de outros países, como a Austrália, onde as pressões de preços subiram para um pico em 33 anos de 7,8% no último trimestre, sinalizaram que os bancos centrais globais podem precisar continuar a subir os juros por mais tempo, o que enfraqueceria uma recente onda de otimismo de que o fim do período de forte aperto monetário estaria próximo.

. Treasuries de 10 anos US10Y: rendimento em queda a 3,4581%, ante 3,467% no pregão anterior;

PETRÓLEO

. Nymex - CL1!: 0,22%, a 80,31 dólares por barril;

. ICE Futures Europe - Brent BRN1!: -0,01%, a 86,12 dólares por barril.

((Redação São Paulo, 55 11 56447723))

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