ReutersReuters

Vencedores levam tudo: em alguns mercados, guerra na Ucrânia é impulso para ativos

De bancos europeus ao zloty polonês, a invasão da Ucrânia por Moscou desencadeou quedas maciças de preços, mas também impulsionou vários ativos que investidores estão correndo para acumular.

Os preços das commodities estão em disparada, enquanto ações de defesa se beneficiam de promessas de gastos mais fortes com segurança e investidores de mercados emergentes encontram refúgio na América Latina. Com o mundo ainda inundado de dinheiro barato da era da pandemia, muitos ativos exibem movimentos atraentes no momento.

Abaixo está uma lista de alguns dos vencedores. Todos os movimentos de preços são desde 24 de fevereiro, dia da invasão russa. Moscou chama suas ações de "operação especial".

AÇÕES DE COMMODITIES

Um salto de 30% nos preços do petróleo BRN1! desde que a Rússia enviou tropas e tanques para a Ucrânia turbinou os papéis de produtores de energia. O índice SPDR S&P Oil & Gas XOP subiu 14%, e algumas empresas de energia individuais ganharam muito mais.

O grande papel russo nos metais levou a saltos ainda maiores em outras commodities.

O país fornece cerca de 10% do níquel global, e a preocupação com a oferta russa fez com que os futuros de três meses do metal negociados em Londres NICKEL1! aumentassem quatro vezes desde a invasão, para um recorde acima de 100 mil dólares por tonelada. Isso levou a bolsa de metais de Londres (LME, na sigla em inglês) a interromper as negociações nesta terça-feira.

A Rússia e a Ucrânia juntas respondem por cerca de 29% das exportações globais de trigo e 19% das de milho. Os futuros do trigo de Chicago saltaram 40%, para máximas em 14 anos ZW1!.

O S&P GSCI (.SPGSCI), um índice composto de retornos do setor de commodities, subiu 24% desde 24 de fevereiro e está 9% abaixo dos picos recordes atingidos em 2008.

MOEDAS LIGADAS A COMMODITIES

As moedas de países exportadores de commodities apresentam desempenho superior no momento.

Os dólares australiano AUDUSD e neozelandês NZDUSD ganharam quase 1% desde a invasão.

Esses movimentos são impressionantes porque ambas as moedas normalmente sofrem quando o sentimento do mercado global se deteriora e quando operadores tendem a buscar ativos mais seguros, como o franco suíço e o dólar norte-americano, que também estão fortes.

A coroa norueguesa NOKEUR, que recebeu um impulso do aumento dos preços do principal produto da pauta de exportação da Noruega, o petróleo, teve alta de 2,7% em relação ao euro.

As moedas de mercados emergentes tendem a enfraquecer diante de um dólar robusto, mas o rand da África do Sul e o real do Brasil, países ricos em recursos, também tiveram um bom desempenho. USDZAR, (BRBY)

SOL E VENTO

O Índice S&P Global de Energia Limpa (.SPGTCLEN) avançou 14,6% desde a invasão, em meio a apostas de que países ocidentais se esforçarão mais para se livrar da dependência de combustíveis fósseis.

As ações dos fornecedores de energia eólica Nordex NDX1 e Vestas Wind VWS subiram cerca de 50%. O Citi acredita que muitas empresas europeias podem ver aumentos acentuados de receita se a Alemanha cumprir seus planos de expansão de energia eólica.

DEFESA E CIBERTECNOLOGIA

Fabricantes de jatos, mísseis e radares têm se destacado depois que vários países europeus, principalmente a Alemanha, prometeram gastar mais em defesa.

Desde 24 de fevereiro, as empresas de armas dominam a lista dos melhores desempenhos no MSCI World Index, liderados por ganhos de 60% a 80% nas ações da fabricante alemã de sensores militares Hensoldt HAG e na fabricante de veículos blindados Rheinmetall RHM.

O ETF Global X Cybersecurity (BUG.O), que inclui a Check Point Software Technologies CHKP e a Palo Alto Networks (PANWO.O), ganha 9%.

“A cibertecnologia é um dos nossos temas preferidos de longo prazo e isso foi confirmado ainda mais com esta crise”, disse Kiran Ganesh, do UBS Global Wealth Management.

Ele afirmou que muitos investidores com foco em sustentabilidade geralmente excluem ações de defesa, mas "é um debate que a indústria precisa ter... muitos argumentariam que a segurança também é um bem social".

AMÉRICA LATINA

Investidores estão indo para os mercados latino-americanos, que têm foco em commodities e são mais isolados do impacto russo do que outros mercados emergentes.

Dados do Instituto de Finanças Internacionais (IIF) mostram que os mercados latino-americanos receberam 8,7 bilhões de dólares em fluxos de investimento em fevereiro, enquanto as economias emergentes asiáticas receberam 6,8 bilhões de dólares.

O índice MSCI para ações da América Latina (.MILA00000PUS) está mais alto em relação aos níveis pré-invasão, enquanto seu subíndice de matérias-primas (.MILA0MT00PUS) saltou 16% desde 24 de fevereiro.

PROTEÇÃO DA INFLAÇÃO

À medida que a disparada das commodities ameaça intensificar ainda mais a alta dos preços, os títulos vinculados à inflação provaram ser vencedores, especialmente na zona do euro, onde avançaram 7% desde a invasão, segundo um índice do Bank of America. (MEREG0I)

O rali é mais dramático nos chamados títulos vinculados à inflação de curto prazo, com o rendimento de dois anos da Alemanha acumulando queda de 190 pontos-base desde a invasão. (DE2YIL=RR)

((Tradução Redação Brasília))

Entrar ou criar uma conta gratuita para ler essa notícia