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Dólar e Ibovespa caem com exterior misto e foco na PEC da Transição

O dólar caía acentuadamente frente ao real nesta quarta-feira enquanto o Ibovespa mostrava viés negativo, em linha com o comportamento do mercado internacional, enquanto investidores domésticos aguardavam a votação da PEC da Transição, que teve a expansão do teto de gastos prevista no texto reduzida.

Em seu primeiro teste no Congresso, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva garantiu uma vitória ao ver aprovada na véspera, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, a PEC da Transição prevendo uma expansão do teto de gastos em 145 bilhões de reais por dois anos para o pagamento do Bolsa Família no valor de 600 reais.

O resultado só foi possível após o novo governo fazer uma concessão e reduzir em 30 bilhões de reais a previsão inicial de ampliar o teto de gastos em 175 bilhões de reais. A PEC passará por um teste de fogo nesta quarta-feira, com votação no plenário do Senado.

Enquanto isso, no exterior, o cenário era misto, com os principais índices de Wall Street recuando em meio a temores de recessão nos Estados Unidos, enquanto o dólar perdia terreno diante de otimismo sobre o relaxamento de restrições sanitárias na China.

O mercado aguarda ainda o fim da reunião do Comitê de Política Monetária do BC, após o fechamento dos mercados nesta quarta-feira, com a expectativa quase unânime de que a taxa Selic será mantida em 13,75%.

Veja como estavam alguns dos principais mercados financeiros globais às 12h40 (de Brasília) desta quarta-feira:

CÂMBIO

O dólar tinha queda frente ao real na manhã desta quarta-feira, em linha com o exterior, enquanto investidores mostravam algum alívio com a redução da expansão do teto de gastos prevista na PEC da Transição e aguardavam a votação do texto no plenário do Senado, em dia de decisão de política monetária do Copom.

Em seu primeiro teste no Congresso, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva garantiu uma vitória ao ver aprovada na véspera, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, a PEC da Transição prevendo uma expansão do teto de gastos em 145 bilhões de reais por dois anos para o pagamento do Bolsa Família no valor de 600 reais.

O resultado só foi possível após o novo governo fazer uma concessão e reduzir em 30 bilhões de reais a previsão inicial de ampliar o teto de gastos em 175 bilhões de reais. A PEC agora passará por um teste de fogo nesta quarta-feira, com votação no plenário do Senado.

Num geral, a percepção no mercado é de que o desenho atual da PEC evitou um pior dos cenários, o que ajudava a sustentar o real nesta sessão, embora permanecesse algum desconforto com o esforço do governo eleito para aumentar gastos.

"Em suma, vemos alguns avanços no texto, mas acreditamos que o gasto adicional é muito mais do que o necessário para benefícios do Auxílio Brasil (futuro Bolsa Família) e para ajustar o orçamento", disse a XP em nota.

"Além disso, não vemos nenhuma probabilidade de queda nas despesas em 2025, então o aumento atual será permanente e provavelmente causará déficit nos próximos anos."

Colaborava para a depreciação do dólar frente ao real nesta manhã a fraqueza da divisa norte-americana no exterior, onde seu índice frente a uma cesta de seis rivais fortes caía 0,4%, em parte devido ao início da flexibilização de restrições da Covid-19 na China.

Investidores também ficam de olho na reunião do Comitê de Política Monetária do BC, que se encerrará nesta quarta-feira após o fechamento dos mercados.

"Os dados desde o último Copom mostraram sinais mistos para as perspectivas de inflação. No curto prazo, surpresas negativas para a maioria dos indicadores contribuem para expectativas mais baixas; por outro lado, as incertezas sobre o quadro fiscal aumentam os riscos de alta no médio prazo", avaliou a XP.

A instituição espera manutenção da taxa Selic em 13,75%, mas com alerta no comunicado do BC para a importância das expectativas de inflação na orientação da política monetária.

Na véspera, a moeda norte-americana à vista caiu 0,25%, a 5,2712 reais na venda.

BOVESPA

O Ibovespa recuava nesta quarta-feira, pressionado particularmente pelo declínio das ações da Vale, enquanto números fracos do comércio exterior da China reforçavam preocupações sobre um aperto monetário prolongado nos Estados Unidos e o ritmo da atividade econômica global.

No Brasil, as atenções estão voltadas para Brasília, com votação à tarde no plenário do Senado da PEC da Transição, que prevê uma expansão do teto de gastos em 145 bilhões de reais por dois anos.

Em relatório a mercados, economistas do Bradesco citam temores renovados de aperto monetário agressivo e desaceleração da economia global pesando nos mercado globais.

Eles também chamam a atenção para os dados de balança comercial da China, com desempenho muito abaixo do esperado, tanto nas importações quanto nas exportações, assim como incertezas quanto às decisões de política monetária na zona do euro e nos EUA, que ocorrerão na semana que vem.

"A percepção de um desempenho mais forte da economia norte-americana, reforçada pelos resultados acima do esperado em indicadores de atividade recém-divulgados, eleva temores de um aperto monetário mais agressivo por parte do Fed", afirmaram, referindo-se ao Federal Reserve.

Wall Street tinha uma sessão sem tendência clara, com o S&P 500 SPX rondando a estabilidade.

No Brasil, além da PEC, agentes financeiros também monitoram a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, prevista para após o fechamento do mercado, principalmente sinalizações referentes à política fiscal, em meio ao desconforto com os reflexos da PEC nas contas públicas.

"Importante ficar alerta sobre eventuais comentários a respeito da política fiscal e como isso pode afetar suas decisões", recomendou a equipe do Safra.

DESTAQUES

- VALE ON VALE3 caía 3,64%, a 84,77 reais, após decepção de alguns analistas com as projeções de produção da mineradora para 2023. A empresa prevê produzir entre 310 milhões e 320 milhões de toneladas de minério de ferro no ano que vem. A queda das cotações dos contratos futuros do minério de ferro na Ásia também pressiona a ação, após as exportações e importações da China, maior produtora mundial de aço, encolheram no ritmo mais acentuado em pelo menos 2 anos e meio no mês passado.

- PETROBRAS PN PETR3 subia 0,98%, a 25,89 reais, diante da alta do petróleo no exterior, enquanto o mercado segue calibrando posições de olho na troca de governo do Brasil e seus reflexos na companhia. Na véspera, presidente da Petrobras, Caio Paes de Andrade, disse que irá compor a equipe do próximo governo paulista, mas continuará dando exclusiva atenção à passagem de comando que ocorrerá na companhia. Para o JPMorgan, ainda é muito cedo para comprar as ações.

- EMBRAER ON EMBR3 perdia 3,01%, a 13,22 reais. A fabricante de aviões divulgou mais cedo que vendeu 63 aeronaves Ipanema 203 até agora em 2022 ante o recorde de 62 no mesmo período de 2021. O Ipanema 203 é uma aeronave agrícola utilizada para pulverização de plantações.

- MRV ON MRVE3 avançava 3,93%, a 8,47 reais, em dia de alta no setor de construção, com EZTEC ON EZTC3 subindo 2,79% e CYRELA ON CYRE3 valorizando-se 1,6%. O índice do setor imobiliário B3SA3 da B3, que também inclui papéis de empresas de shopping centers, tinha acréscimo de 0,76%.

- BRF ON BRFS3 registrava alta de 3,51%, a 8,25 reais, em meio a ajustes, depois atingir na véspera uma mínima de fechamento em vários anos. Apenas em dezembro, o papel acumula queda de mais de 12%. No ano, desaba mais de 60%.

- ITAÚ UNIBANCO PN ITUB3 tinha variação positiva de 0,19%, a 26,2 reais, e BRADESCO PN BBDC3 mostrava acréscimo de 0,4%, a 15,21 reais.

- ELETROBRAS ON ELET3 avançava 3,19%, a 44,63 reais, em sessão de alta de empresas de energia elétrica na bolsa, com o índice do setor elétrico na B3 B3SA3 subindo 1,75%.

. Ibovespa IBOV: -0,26%, a 109.901,48 pontos;

. Volume financeiro: R$9,3 bi

. Índice dos principais ADRs brasileiros (.BR20): +0,17%, a 16.992,88 pontos.

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JURO

Mês

Ticker

Taxa (% a.a.)

Ajuste anterior (% a.a.)

Variação (p.p.)

JAN/23

(DIJF23)

13,662

13,666

-0,004

JAN/24

(DIJF24)

13,895

14

-0,105

JAN/25

(DIJF25)

13,11

13,175

-0,065

JAN/26

(DIJF26)

12,865

12,9

-0,035

JAN/27

(DIJF27)

12,76

12,8

-0,04

BOLSAS DOS EUA

Os principais índices de Wall Street abriram em baixa nesta quarta-feira, com alertas de recessão iminente dos principais banqueiros de Wall Street limitando o otimismo em torno do afrouxamento das restrições rígidas da Covid-19 na China.

. Dow Jones DJI: -0,17%, a 33.540,85 pontos;

. Standard & Poor's 500 SPX: -0,29%, a 3.929,82 pontos;

. Nasdaq IXIC: -0,15%, a 10.998,79 pontos.

BOLSAS DA EUROPA

O índice pan-europeu STOXX 600 SXXP tinha queda de 0,26%, a 437,79 pontos.

Em LONDRES, o índice Financial Times UK100 avançava 0,19%, a 7.535,62 pontos.

Em FRANKFURT, o índice DAX DAX caía 0,28%, a 14.303,55 pontos.

Em PARIS, o índice CAC-40 PX1 perdia 0,15%, a 6.677,69 pontos.

Em MILÃO, o índice Ftse/Mib FTSEMIB tinha valorização de 0,16%, a 24.303,56 pontos.

Em MADRI, o índice Ibex-35 IBC registrava baixa de 0,12%, a 8.321,50 pontos.

Em LISBOA, o índice PSI20 PPSI20 desvalorizava-se 0,27%, a 5.837,25 pontos.

DÍVIDA

Os rendimentos dos Treasuries caíam pelo segundo dia consecutivo nesta quarta-feira, em outra sessão instável e com muito poucos sinais para o mercado nesta semana, conforme os investidores permanecem um pouco incertos sobre a trajetória da política monetária do Federal Reserve.

Muitos participantes do mercado acreditam que os rendimentos atingiram o pico com base na crença de que a inflação foi moderada e nas expectativas de que o Fed diminuirá seu ritmo de aperto monetáro na reunião deste mês.

Por outro lado, os fortes dados de empregos de novembro nos Estados Unidos e relatórios otimistas sobre os setores de manufatura e serviços sugeriram que o Fed ainda tem um longo caminho a percorrer em termos de conter a inflação e o mercado de trabalho.

O chair do Fed, Jerome Powell, disse no final do mês passado que o banco central norte-americano pode diminuir o ritmo dos aumentos dos juros "já em dezembro", mas alertou que a luta contra a inflação está longe de terminar.

Isso levou o mercado a precificar uma taxa terminal mais baixa. Os futuros da taxa de juros Fed mostravam nesta quarta-feira que o pico dos juros deve chegar a 4,93%, abaixo dos 5,1% precificados na semana passada, antes de Powell falar.

. Treasuries de 10 anos US10Y: rendimento em queda a 3,4657%, ante 3,513% no pregão anterior;

PETRÓLEO

. Nymex - CL1!: 0,36%, a 74,52 dólares por barril;

. ICE Futures Europe - Brent BRN1!: 0,53%, a 79,77 dólares por barril.

((Redação São Paulo, 55 11 56447757))

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