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Braskem deve aprovar nova fábrica de plástico "verde" na Tailândia no 1º sem de 2023

A Braskem BRKM3, maior petroquímica das Américas, espera aprovar até o fim de junho de 2023 a construção de uma segunda fábrica de polietileno "verde", projeto em estudo com uma parceira na Tailândia e que deve envolver investimento de centenas de milhões de dólares.

A companhia já opera uma fábrica de plástico verde, produzido a partir da cana de açúcar, no Rio Grande do Sul, à plena capacidade de 200 mil toneladas e deve ampliar este volume em 60 mil toneladas no próximo ano, com investimento de 87 milhões de dólares.

A unidade na Tailândia vai aproveitar capacidade ociosa de instalação existente da parceira SCG Chemicals, disse o vice-presidente financeiro da Braskem, Pedro Freitas, em apresentação a analistas nesta segunda-feira.

Ele evitou cravar um valor para o investimento da join venture com a SCG, mas lembrou citou os recursos aplicados na ampliação da fábrica de Triunfo (RS), da ordem de 1.500 dólares por tonelada.

A empresa está atualmente vendo detalhes de engenharia da nova unidade. O etanol a ser usado na produção será produzido no Brasil a partir de fontes certificadas isentas de queimadas ou violação de direitos humanos, disse o executivo. "A Tailândia é um dos 10 maiores produtores de etanol do mundo, mas eles ainda queimam a cana...O custo de levar o etanol para a fábrica não inviabiliza o projeto", afirmou.

A fábrica no sudeste asiático terá um volume de pelo menos 200 mil toneladas, podendo dobrar a capacidade atual do produto, altamente demandando por grandes fabricantes de bens de consumo que assumiram metas de redução de emissões de carbono e cujas matrizes estão na Europa e Ásia.

A Braskem tem meta de elevar a capacidade de produção do PE verde para 1 milhão de toneladas até 2030, o que representa um crescimento anual de 21%.

A empresa começou a produzir plástico a partir de cana em 2010, em Triunfo, mas foi apenas a partir de 2019 que a empresa começou a receber pedidos mais significativos do produto em condições mais condizentes com o investimento, disse Freitas. Segundo ele, a empresa repassa as variações do preço do etanol para os clientes.

A petroquímica afirma que o PE verde a partir de cana é 100% reciclável e que pode ser utilizado nos mesmos equipamentos que processam plástico de origem fóssil, sem exigir investimentos adicionais dos clientes, o que tem ajudado a empresa a vender o produto que por ora tem um custo maior que o convencional.

Segundo o vice-presidente de oleofinas da Braskem para Europa e Ásia, Walmir Soller, 80% da produção é direcionada para as duas regiões. "Não dá para fazer uma comparação (de custo) com fóssil porque quem está buscando o PE verde está buscando alternativa de descarbonização e produto de fontes naturais", disse o executivo.

Para mensurar o impacto do PE verde, a Braskem afirma que cada tonelada do produto é responsável pela retirada da atmosfera de 3 toneladas de carbono. E como esse carbono fica capturado no plástico, ele não volta para o meio-ambiente com a degradação do material, como acontece com o papel.

Freitas reconhece que a Braskem está atrasada para virar o jogo da percepção dos consumidores sobre o plástico em relação a outras matérias-primas, como papel e aço, mas que a empresa está rapidamente tomando ações para melhorar isso.

A empresa, que tem meta de reduzir suas próprias emissões de carbono em 15% até 2030, citou exemplo de canudos plásticos como tendo pegada de carbono e de consumo de água menor que as de papel e de aço na produção.

Além do aumento da capacidade de plástico verde, a Braskem está investindo na reciclagem do material, um dos maiores problemas da indústria de produtos plásticos. A companhia prevê elevar as vendas de produtos fabricados com recicláveis para 1 milhão de toneladas em 2030, ante 54 mil toneladas estimadas para este ano. Em 2021, as vendas de produtos com material reciclado somaram 22 mil toneladas.

Freitas citou como vitória recente da Braskem nesse trabalho de convencimento a troca de material dos copos de bebidas do Rock in Rio. A organização do evento tinha preferência inicial por papel, mas optou pelos copos de plástico, diante das ações de reciclagem prometidas pela Braskem, disse ele.

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