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Air France e Airbus enfrentam indignação de famílias em julgamento de acidente com voo Rio-Paris em 2009

Um tribunal penal francês iniciou um julgamento por homicídio culposo da Air France AF e da fabricante de aviões Airbus AIR nesta segunda-feira, com parentes exigindo justiça 13 anos depois que uma aeronave de passageiros A330 caiu no oceano Atlântico, matando todos a bordo.

Os presidentes de ambas as empresas se declararam inocentes de "homicídio culposo" depois que funcionários leram os nomes de todas as 228 pessoas que morreram quando o voo AF447 desapareceu durante uma tempestade noturna ao sair do Rio de Janeiro a caminho de Paris em 1º de junho de 2009.

Famílias de várias vítimas protestaram, com gritos de "vergonha" e "muito pouco, muito tarde", enquanto a presidente-executiva da Air France, Anne Rigail, e o então presidente-executivo da Airbus, Guillaume Faury, expressaram condolências em declarações de abertura do julgamento de nove semanas.

"Há treze anos esperamos por este dia e nos preparamos há muito tempo", disse Daniele Lamy, que perdeu seu filho no pior acidente da companhia aérea francesa.

Após uma busca de dois anos pelas caixas-pretas do A330 usando submarinos remotos, os investigadores descobriram que os pilotos responderam de forma equivocada a um problema envolvendo sensores de velocidade congelados e caíram em queda livre sem responder aos alertas.

Mas a agência de acidentes aéreos da França BEA também revelou discussões anteriores entre a Air France e a Airbus sobre a confiabilidade das sondas e fez dezenas de recomendações de segurança, desde o design da cabine do piloto até o treinamento e operações de busca e resgate.

Resumindo as conclusões da acusação, um juiz de Paris disse que a Airbus é suspeita de reagir muito lentamente ao crescente número de incidentes de velocidade com a introdução de uma investigação atualizada.

As conclusões preliminares questionaram os esforços da companhia aérea para garantir que os pilotos fossem bem treinados.

Advogados alertaram contra permitir que o tão esperado julgamento, que está acontecendo depois que a decisão de arquivar o caso foi anulada, deixe de lado os membros das famílias representados no primeiro dia.

"É um julgamento em que as vítimas devem permanecer no centro do debate. Não queremos que a Airbus ou a Air France transformem este julgamento em uma conferência de engenheiros", disse o advogado Sebastien Busy.

É a primeira vez que empresas francesas são julgadas por "homicídio culposo" após um acidente aéreo. As famílias das vítimas dizem que os diretores também deveriam estar no banco dos réus.

O AF447 provocou uma reflexão sobre treinamento e tecnologia e é visto como um dos poucos acidentes que mudaram a aviação, incluindo melhorias em todo o setor no manuseio da perda de controle.

(Reportagem de Tim Hepher)

((Tradução Redação São Paulo, +55 11 5047-3075))

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