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Entregas de fertilizantes no Brasil devem cair de 5% a 7% neste ano, diz Anda

As entregas de fertilizantes para agricultores brasileiros podem cair entre 5% e 7% neste ano, disse um executivo da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda) nesta quarta-feira, citando números de analistas e estimativas da indústria.

A entidade, que representa fornecedores globais como Nutrien NTR e Mosaic MOS, disse que os agricultores atrasaram as compras ou decidiram não adquirir fertilizantes nesta temporada em meio a um aumento nos preços provocado pela invasão da Ucrânia pela Rússia.

Após o início do conflito, o Brasil apressou-se em garantir o abastecimento, pois depende de importações para 85% de sua demanda doméstica, pressionando os portos e outras instalações logísticas.

“Nós trouxemos mais fertilizantes do que o produtor procurava naquele momento”, disse Ricardo Tortorella, diretor executivo da Anda, referindo-se ao primeiro semestre de 2022. “Isto faz com que os portos todos estejam cheios, até hoje."

Tortorella disse que potenciais problemas climáticos, questões relacionadas à China e à própria guerra na Ucrânia influenciam a decisão de compra do agricultor. Os gargalos logísticos nos portos, entretanto, não afetaram as entregas de produtos nas propridades, disse ele.

"É natural o comportamento atípico do produtor", disse o executivo. "Ele tem que calcular riscos e fazer muitas contas. Tem risco climático, de China, de Rússia, de guerra, etc."

Os preços dos fertilizantes, que subiram muito no início do ano, já cederam um pouco, o que pode aumentar a demanda por produtos no curto prazo, disseram Tortorella e um analista.

Embora o medo da escassez global de fertilizantes tenha impulsionado as importações no Brasil, por outro lado também mudaram as perspectivas para a produção doméstica, que deve crescer pela primeira vez em 15 anos, segundo Tortorella.

Os últimos dados da Anda para entregas de fertilizantes em julho, divulgados esta semana, já apontavam para a possibilidade de queda nas entregas neste ano.

As entregas em julho caíram quase 30%, afetando os totais do ano. Nos primeiros sete meses de 2022, as entregas recuaram quase 9%, para 21,7 milhões de toneladas, segundo dados da associação.

Ainda assim, uma queda nas entregas não comprometerá as expectativas de uma safra recorde de grãos, disse Tortorella.

((Tradução Redação São Paulo))

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