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Ibovespa supera 110 mil pontos e dólar cai a R$5,0350 com otimismo externo após inflação zerada nos EUA

Os ativos brasileiros tinham um rali nesta quarta-feira, com o Ibovespa acima dos 110 mil pontos pela primeira vez em dois meses e o dólar despencando para 5,0350 reais, menor nível em oito semanas, em dia de fortes quedas dos juros DI após dados de inflação abaixo do esperado nos EUA renovarem esperanças de alívio no ritmo de aperto monetário pelo Fed.

O Ibovespa saltou a 110.235,88 pontos na máxima do dia, alta de 1,46%, com forte apoio de ações de consumo. O dólar caiu 1,85% no momento mais fraco da sessão, importando movimento de fora, onde o índice da moeda sofria a maior desvalorização desde março de 2020.

Os DIs de longo prazo cediam mais de 20 pontos-base, na esteira de um tombo nos rendimentos dos Treasuries, conforme operadores abandonam apostas em alta de 0,75 ponto percentual do juro nos EUA em setembro e migram para cenários de aperto de 0,50 ponto. Com isso, ações de crescimento lideravam os ganhos em Wall Street, o que colocava o Nasdaq na dianteira.

O índice de preços ao consumidor (IPC) dos EUA permaneceu estável no mês passado, após avançar 1,3% em junho, informou o Departamento do Trabalho, devido a uma queda acentuada no custo da gasolina, proporcionando o primeiro sinal notável de alívio para os bolsos dos norte-americanos, que viram a inflação disparar nos últimos dois anos.

Da agenda doméstica, as vendas no varejo registraram em junho a maior queda mensal desde o fim do ano passado, de 1,4%, segundo dados do IBGE. E o mercado passou a ver saldo positivo nas contas federais neste ano pela primeira vez, mostrou o relatório Prisma Fiscal divulgado nesta quarta-feira pelo Ministério da Economia.

Veja como estavam alguns dos principais mercados financeiros globais às 12h (de Brasília) desta quarta-feira:

CÂMBIO

O dólar passou a cair acentuadamente na manhã desta quarta-feira, e chegou a ir à casa dos 5,03 reais pela primeira vez em quase dois meses, após dados mostrarem estabilidade dos preços ao consumidor dos Estados Unidos no mês passado, leitura que reduziu as apostas numa postura de política monetária muito agressiva por parte do banco central do país.

O índice de preços ao consumidor dos EUA permaneceu inalterado em julho, após avançar 1,3% em junho, disse o Departamento do Trabalho dos EUA nesta quarta-feira. Economistas consultados pela Reuters projetavam alta de 0,2% do índice em julho.

"Isso claramente joga a favor de quem aguarda um ritmo menor (de aperto monetário) na próxima reunião do banco central americano", disse Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos. "Acredito que será um dia de bolsa para cima e dólar para baixo."

Cerca de meia hora após a divulgação da leitura de inflação, contratos futuros vinculados ao juro básico do Federal Reserve precificavam chance de apenas 40% de o banco central dos EUA repetir alta de 0,75 ponto percentual nos custos dos empréstimos em setembro, contra probabilidade de quase 70% vista antes dos dados. Agora, o cenário estimado pela maioria dos operadores é de elevação mais moderada dos juros, de 0,50 ponto. (FEDWATCH)

Isso derrubou o dólar de forma geral, com seu índice frente a uma cesta de pares fortes DXY despencando 1,17%, a 105,110. A divisa norte-americana também tinha perdas expressivas contra a maior parte das moedas emergentes ou sensíveis às commodities, que tendem a se beneficiar de juros mais baixos na maior economia do mundo.

Entre as principais bolsas, as ações europeias avançavam e os futuros de Wall Street aceleraram seus ganhos nesta manhã, sinal de melhora no apetite por risco.

Apesar do alívio na inflação e da reação inicial positiva dos mercados, Cruz alertou que a estabilidade do índice de preços ao consumidor dos EUA em julho foi provocada principalmente por queda nos custos de combustíveis, com alguns outros componentes ainda apontando persistência da pressão no bolso da população.

O núcleo do índice de preços ao consumidor --que exclui componentes voláteis, como a energia, subiu 0,3% em julho, contra alta de 0,7% em junho. Em 12 meses, o núcleo aumentou 5,9%, mesmo ritmo acumulado no ano findo junho.

Os dados desta quarta-feira "podem até ajudar o Fed a reduzir o ritmo de altas de juros, mas a inflação mais resistente em alguns outros itens dificultaria a ideia de acabar (ciclo de alta da) taxa de juros em patamar abaixo de 4%", opinou Cruz.

O dólar spot fechou a terça-feira em alta de 0,32%, a 5,1299 reais, encerrando sequência de três recuos seguidos.

. Dólar/Real (BRBY): -1,58%, a 5,0481 reais na venda;

. Euro/Dólar EURUSD: +1,4%, a 1,0354 dólar;

. Dólar/Cesta de moedas DXY: -1,53%, a 104,720.

BOVESPA

O Ibovespa avançava nesta quarta-feira e caminhava para a sétima alta seguida, tendo ultrapassado mais cedo os 110 mil pontos pela primeira vez em dois meses, após dados mostrarem alívio na inflação ao consumidor norte-americano.

Nos Estados Unidos, o Departamento do Trabalho divulgou que o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) ficou estável em julho, ante alta de 1,3% no mês anterior e expectativa de aumento de 0,2%.

O mercado, de acordo com o estrategista-chefe da Avenue, William Castro Alves, recebeu o dado de forma positiva, com a leitura de uma política monetária mais branda pelo banco central dos EUA em algum momento no futuro.

Em Wall Street, o S&P 500 SPX avançava de forma expressiva.

No Brasil, o alívio na inflação no curto prazo, com deflação no IPCA no mês passado, reforça a avaliação de que o Banco Central pode ter encerrado o ciclo de alta da Selic nos atuais 13,75% ou finalizará o ajuste na próxima reunião.

Tal perspectiva tem apoiado principalmente ações de setores como o de consumo e sensíveis a juros.

DESTAQUES

- HAPVIDA ON HAPV3 subia 6,17%, a 6,88 reais, tendo de pano de fundo relatório do JPMorgan reiterando recomendação 'overweight', embora tenham cortado o preço-alvo para 9 reais no final de 2023, de 12 reais no final de 2022. Para Joseph Giordano e equipe, o 'sell-off' na ação está encerrado. No ano, o papel recua mais de 30%.

- IRB BRASIL RE ON IRBR3 subia 7,59%, a 2,41 reais, buscando apoio no viés mais positivo do mercado como um todo para ampliar a recuperação em agosto, após testar mínimas históricas no mês passado. Em 2022, os papéis ainda contabilizam um declínio de quase 40%. A resseguradora reporta balanço no próximo dia 15 - dados de abril e maio mostraram prejuízo.

- PETROBRAS PN PETR3 caía 0,99%, a 36,86 reais, após renovar máximas históricas. Parte do movimento está atrelada a operações de investidores mirando o dividendo expressivo anunciado pela estatal, que será pago com base na posição acionária do dia 11. Desde o anúncio, a ação já subiu ao redor de 20%, incluindo o recorde nesta quarta, a 37,65 reais.

- NATURA ON NTCO3 subia 1,28%, a 16,65 reais, após um tombo de 9,6% na terça-feira. A fabricante de cosméticos divulga balanço na quinta-feira e na terça-feira analistas do JPMorgan não esperaram uma grande mudança nas tendências observadas no primeiro trimestre, "quando vimos tendências de crescimento de receita ruins somadas a rentabilidade pressionada".

- COPEL PNB CPLE3 caía 1,64%, a 7,19 reais, após reportar prejuízo líquido de 522,37 milhões de reais no segundo trimestre de 2022, revertendo o lucro de 1,0 bilhão de reais reportado no mesmo período do ano passado, em resultado afetado por impacto de devolução de créditos tributários.

- XP INC XP caía 8,45%, a 21,66 dólares, em Nova York, após a plataforma de investimentos reportar um lucro praticamente estável no segundo trimestre na comparação com um ano antes, de 1,046 bilhão de reais, com receita líquida crescendo 14%, mas margem Ebitda caindo a 35,4%.

. Ibovespa IBOV: +1,39%, a 110.157,96 pontos;

. Volume financeiro: R$10,316 bi;

. Índice dos principais ADRs brasileiros (.BR20): +2,43%, a 18.590,44 pontos.

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JURO

Mês

Ticker

Taxa (% a.a.)

Ajuste anterior (% a.a.)

Variação (p.p.)

OUT/22

(DIJV22)

13,668

13,67

-0,002

JAN/23

(DIJF23)

13,705

13,72

-0,015

JAN/24

(DIJF24)

12,855

12,96

-0,105

JAN/25

(DIJF25)

11,715

11,91

-0,195

JAN/26

(DIJF26)

11,485

11,715

-0,23

JAN/27

(DIJF27)

11,515

11,775

-0,26

BOLSAS DOS EUA

Wall Street subia de maneira expressiva nesta quarta-feira, após a divulgação de dados de inflação mais fracos do que o esperado nos Estados Unidos no mês passado, o que levou os operadores a cortarem suas apostas em um terceiro aumento seguido de 75 pontos-base nos juros em setembro.

Os preços ao consumidor nos EUA não subiram em julho em comparação com junho, marcando a menor leitura de inflação mensal em mais de dois anos, com a queda dos preços dos combustíveis.

O mercado agora está precificando uma chance de 37,5% de um aumento de 75 pontos-base nas taxas dos fundos na próxima reunião do Federal Reserve dos EUA em setembro, em comparação com 67,5% antes dos dados.

Todos os 11 principais setores do S&P 500 avançavam no início das negociações, com S5COND de consumo discricionário , S5COND de tecnologia da informação e S5INFT de serviços S5TELS ganhando entre 1,7% e 2,6%.

Após um início de ano difícil, o S&P 500 subiu quase 15% em relação à mínima de meados de junho, em grande parte devido às expectativas de que o Fed será menos agressivo do que o previsto em seus esforços para fornecer um pouso suave para a economia.

. Dow Jones DJI: +1,55%, a 33.282,04 pontos;

. Standard & Poor's 500 SPX: 1,78%, a 4.195,96 pontos;

. Nasdaq IXIC: +2,36%, a 12.788,55 pontos.

BOLSAS DA EUROPA

O índice pan-europeu STOXX 600 SXXP tinha alta de 0,79%, a 439,44 pontos.

Em LONDRES, o índice Financial Times UK100 avançava 0,22%, a 7.504,56 pontos.

Em FRANKFURT, o índice DAX DAX subia 1,02%, a 13.672,97 pontos.

Em PARIS, o índice CAC-40 PX1 ganhava 0,60%, a 6.529,11 pontos.

Em MILÃO, o índice Ftse/Mib FTSEMIB tinha valorização de 0,82%, a 22.672,57 pontos.

Em MADRI, o índice Ibex-35 IBC registrava alta de 0,33%, a 8.339,50 pontos.

Em LISBOA, o índice PSI20 PPSI20 desvalorizava-se 0,58%, a 6.204,91 pontos.

DÍVIDA

Os rendimentos dos Treasuries caíam nesta quarta-feira e os mercados precificavam um aumento menor da taxa de juros do Federal Reserve para setembro, depois que dados mostraram que as pressões inflacionárias nos Estados Unidos moderaram mais do que o esperado em julho.

O índice de preços ao consumidor dos EUA teve estabilidade no mês passado devido a uma queda acentuada no custo da gasolina, dando o primeiro sinal notável de alívio para os norte-americanos, que viram a inflação disparar nos últimos dois anos.

O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) subiu a taxa anual de 8,5% em julho, enquanto o núcleo da inflação, que exclui os custos voláteis de alimentos e energia, ganhou 5,9%.

Os operadores de futuros dos juros básicos do Fed estão precificando chance de apenas 38% de que o banco central norte-americano aumente os juros em 75 pontos-base quando se reunir em setembro, em comparação com 68% antes. Um aumento de 50 pontos-base é visto com uma probabilidade de 62%. (FEDWATCH)

. Treasuries de 10 anos US10Y: rendimento em queda a 2,7353%, ante 2,797% no pregão anterior.

PETRÓLEO

. Nymex - CL1!: -1,94%, a 88,74 dólares por barril;

. ICE Futures Europe - Brent BRN1!: -1,87%, a 94,51 dólares por barril.

((Redação São Paulo, 55 11 56447757))

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