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Petrobras deve investir em energia renovável, diz Tolmasquim

Para Maurício Tolmasquim, o plano de negócios da Petrobras deve ser revisto e incluir investimentos em fontes renováveis de energia e no aumento da capacidade de refino. Ele é ex-presidente da EPE (Empresa de Pesquisa Energética) e integra grupo técnico de Minas e Energia do gabinete de transição do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O plano estratégico da Petrobras é um documento que orienta os investimentos da empresa no período de 5 anos. É revisado anualmente. A expectativa é que a estatal divulgue nesta 4ª feira (30.nov.2022) o documento para o período 2023-2027.

O ideal era justamente que a publicação do plano fosse postergada para o ano que vem, mas existem questões estatutárias e eles [a gestão atual] têm que divulgar o plano estratégico esse ano”, disse Tolmasquim em entrevista ao jornal O Globo. “Mas eles mesmos na reunião apontaram que a nova administração pode revisar e fazer um novo plano.”

Ao falar sobre os rumos que, em sua opinião, a Petrobras deve seguir, Tolmasquim citou duas questões. A 1ª “é transformar a Petrobras em uma empresa de energia” –algo que disse estar consoante ao que é feito no restante do mundo.

As grandes petroleiras estão até mudando de nome. Mas não é só isso. Elas estão se transformando para virarem uma empresa energética”, declarou.

Conforme Tolmasquim, é preciso “se inserir num mundo onde está ocorrendo uma veloz transição energética”, com a criação de metas como emissão zero de carbono. “A Petrobras está ainda no modelo da indústria do petróleo e não conseguiu se adaptar aos novos momentos”, falou.

Além da diversificação, ele citou a necessidade de diminuir a dependência da importação de derivados do petróleo. “A gente pode voltar a expandir o refino para atender o mercado interno. Isso é importante”, afirmou.

Tem que investir na conclusão da expansão de plantas [de refino] e eventualmente verificar entre os planos de plantas novas se alguma é viável. Teria que fazer algum estudo para ver o que é mais adequado.

Sobre a venda de refinarias, Tolmasquim disse que “nada está descartado”, mas que considera prudente esperar que uma nova diretoria tome posse para decidir.

O prudente seria a atual administração aguardar uma nova gestão para ver quais são as linhas estratégicas porque ao fim do mandato os gestores têm que evitar tomar decisões que são estruturantes”, declarou. “E pode ser até que a direção continue o processo de desinvestimento e resolva, por exemplo, investir em uma nova refinaria.

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Já sobre uma possível mudança na política de preços da Petrobras –algo aventado por Lula na campanha–, Tolmasquim falou que isso “não é tema da transição”. Hoje, a estatal adota o chamado PPI (preço de paridade internacional), que equipara os preços do mercado interno aos de importação

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É claro que o país terá uma política e a Petrobras vai ter a sua política também. O governo não vai ditar o preço da Petrobras, mas ele pode dizer como é que funciona o preço do Brasil, por exemplo”, disse.