EUR/USD em espera com decisão do BCE no radar

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No radar dos investidores esta semana está a reunião do Banco Central Europeu (BCE), marcada para quinta-feira. A expectativa majoritária é de um novo corte de 0,25 ponto percentual na taxa de juros, refletindo uma tentativa da autoridade monetária de proteger a economia da Zona do Euro dos ventos contrários que continuam ganhando força.

A Europa ainda sente os efeitos de um crescimento estagnado, inflação abaixo da meta e uma indústria que não consegue ganhar tração. Esses fatores, por si só, já justificariam um afrouxamento monetário. No entanto, o agravante vem de fora: as recentes reviravoltas na política comercial dos Estados Unidos.

Desde que o governo Trump voltou atrás em novas tarifas para determinados produtos, o dólar perdeu força — o que, em teoria, alivia a pressão sobre o euro. Mas o problema vai além do câmbio: a constante instabilidade nas decisões da Casa Branca mina a previsibilidade global, freia investimentos e aumenta a aversão ao risco.

Com isso, o BCE se vê num dilema: estimular a economia sem parecer excessivamente reativo aos ruídos geopolíticos. A decisão desta semana não será apenas sobre números — será um sinal de como o BCE pretende equilibrar política monetária e credibilidade em um cenário de incertezas crescentes.

Um corte na taxa de juros do BCE, caso se confirme, tende a pressionar o euro para baixo. Isso porque juros mais baixos reduzem o retorno dos ativos denominados em euro, tornando a moeda menos atrativa para investidores globais. Em um cenário de diferencial de juros crescente entre Europa e EUA — mesmo com o Federal Reserve mais cauteloso — o fluxo tende a favorecer o dólar, ao menos no curto prazo.

No entanto, o mercado de câmbio é movido não apenas por decisões, mas por expectativas. E boa parte do corte já está precificada. Portanto, o que realmente fará preço será o tom do comunicado do BCE e qualquer sinalização sobre os próximos passos: será esse o último corte? Ou virão mais?

Se o BCE adotar uma postura ainda mais dovish (favorável a estímulos), o euro pode perder força de forma mais consistente. Por outro lado, se o banco central surpreender com uma mensagem mais neutra ou até levemente hawkish (mais cautelosa com novos cortes), o euro pode se recuperar — especialmente num ambiente em que o dólar também está vulnerável por causa da política comercial americana.

O momento é de atenção redobrada: o EUR/USD pode sair da zona de congestão atual com força, dependendo da combinação entre narrativa do BCE, dados econômicos europeus e a reação dos yields americanos.

Do ponto de vista técnico, o gráfico do EUR/USD apresenta uma formação em "flâmula", típica de consolidação após um movimento de alta. Essa estrutura, delimitada entre os níveis de Fibonacci 1,618 e 2,618, sugere que o mercado está em compasso de espera — um momento de respiro após a força compradora recente.

Contudo, a lógica por trás da flâmula é de continuidade da tendência anterior. Ou seja: caso o par rompa a parte superior dessa formação, o movimento altista poderia ganhar novo fôlego, mirando níveis como 2,618 e até 4,236 na projeção de Fibonacci — pontos que indicam alvos ambiciosos para o euro frente ao dólar.

Por outro lado, se houver rompimento pela base da flâmula, esse padrão técnico será invalidado. Nesse caso, o EUR/USD pode acelerar para baixo, com o nível de 1,11207 como possível destino.


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