"PLDO 2026, você leu?"

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Plano de Lascamento da Ordem ou Apenas um PowerPoint com Esteroides?"


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Irmãos e irmãs da arte milenar do tape reading fiscal,
Aqui quem vos fala é o Lagosta, aquele mesmo — o crustáceo que pressente os ciclos antes deles surgirem, que fareja o cheiro do caos nas entrelinhas de um parágrafo do Diário Oficial, que detecta o sinal fraco da verdade na estática do populismo contábil. Hoje não vim pra ser gentil, vim pra abrir a carapaça dessa planilha dourada chamada PLDO 2026 e mostrar o que tem por baixo: cheiro de tinta fresca e promessa de prosperidade sem o menor lastro real.

Senta aí, pega teu café, ou tua dose de whisky — hoje o papo é de mesa de bar entre especialistas que fingem não saber, e um crustáceo que se recusa a ignorar.


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Capítulo 1: O Salário Mínimo de R$ 1.630 — o Cheque em Branco da Bondade Eleitoreira

Olha, eu não sou contra o aumento do salário mínimo, que fique claro. O povo merece, e ponto. Mas quando a gente tá num sistema onde cada R$1 a mais impacta literalmente bilhões em gastos previdenciários, é preciso perguntar: de onde vem o contrapeso?

O governo faz esse reajuste como se estivesse dando uma medalha ao mérito popular, mas sem dar contrapartida de produtividade, sem mostrar reforma séria do lado do gasto. Isso não é política fiscal, é poesia populista. É como tentar equilibrar um piano numa rede de nylon: a intenção é bonita, mas a física vai te desmentir.

E antes que venham os defensores do “ganho real é sinal de progresso social”, eu pergunto:
Progresso com qual produtividade?
A estagnação da produtividade brasileira nos últimos anos é tão crônica que o aumento do salário mínimo parece mais uma aspiração de campanha do que um reflexo da realidade econômica.


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Capítulo 2: Superávit de 0,25% do PIB — a Beirada da Enganação Contábil

Amigo… se isso aqui fosse um campeonato de Excel, o Brasil levava medalha de ouro. Mas o mercado não é feito de fórmulas de célula, é feito de percepção e fluxo.

0,25% de superávit é o mesmo que dizer: “Confia em mim que eu vou pagar essa dívida de R$1 milhão depositando R$2 por mês”.
Dívida bruta crescendo, PIB rateando, juros nas alturas. E ainda tem gente chamando isso de meta. Meta é quando você mira pra frente, isso aí é mirar no retrovisor achando que está indo pra frente porque o carro tá andando em ré.

O mercado já não compra essa retórica de “ajuste gradual”. Ele quer saber se o país tem disciplina pra cortar na carne — ou se vai continuar tentando estancar hemorragia com band-aid.


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Capítulo 3: O Teto Com Telhado Solar — O Arcabouço Que Cresce com a Preguiça Fiscal

Quem foi que teve essa ideia brilhante de dizer que o limite de gastos vai crescer com inflação mais 2,5% de realismo mágico?

Num ciclo de crescimento forte, pode até funcionar. Mas 2026 é ano de eleição. Quer mesmo me convencer de que haverá contenção de gastos no meio de um caldeirão pré-eleitoral fervente?

É como colocar um alcoólatra dentro de uma adega e pedir pra ele se controlar. Vai acabar com o cara de cueca, abraçado a uma garrafa de Cabernet e chorando "eu tentei".

Esse arcabouço é elástico demais pra conter a pressão de quem está de olho na reeleição. E o mais perigoso: o mercado sabe disso.


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Capítulo 4: A Revisão de Gastos — O Unicórnio da Responsabilidade Fiscal

Todo mundo fala em revisão de gastos. É o mantra, o bordão, o versículo 1, capítulo 1 da bíblia dos economistas de centro. Mas eu pergunto: quem teve coragem de enfiar o bisturi no tumor?

Previdência? Intocável.

Piso constitucional de saúde e educação? Trancado a sete chaves.

Salários do funcionalismo? Engessados por décadas de privilégios e lobbies.

O que sobra é migalha. Falar que vai revisar gasto no Brasil é igual promessa de segunda-feira na academia: vai durar até a próxima pizza.


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Capítulo 5: A Dívida Bruta — O Monstro Que Cresce no Escuro

Ah, a DBGG... a rainha do terror fiscal. Querem nos fazer acreditar que ela vai se estabilizar em 84,2% do PIB em 2028. Eu, Lagosta, pergunto:

Com qual milagre contábil?

Vamos fazer conta de padaria, mas com alma de quântico:

Juros reais a 6%

PIB crescendo 2%

Superávit de 0,25%


Resultado? Um buraco negro que suga tudo: credibilidade, dólar, risco-país, e ainda faz subir a curva de juros futura como quem acende um pavio de dinamite com fósforo molhado.


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Capítulo 6: Consulta Popular — A Democracia do "Me Engana Que Eu Gosto"

Essa história de “participação cidadã” no PLDO é linda no papel e utópica na prática. A maior parte da população não sabe o que é orçamento, e não precisa saber — porque essa é uma função técnica, não plebiscitária.

Colocar consulta popular no planejamento fiscal é como chamar o síndico do prédio pra dar pitaco no motor do avião. Vai dar em nada — ou pior, em manobra populista.


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Capítulo 7: A Flexibilidade do PLDO — Entre a Malandragem e o Desespero

Remanejar verba, usar excesso de arrecadação, flexibilizar teto… tudo isso tem lógica se for feito por bons gestores. O problema é que não estamos falando de gestores técnicos, estamos em ano pré-eleitoral.

Quem garante que essa flexibilidade não vira a nova pedalada branca, aquele empurrãozinho que não quebra a perna mas desloca o tornozelo do fiscalismo?

Lembrem-se: os mercados se vacinaram contra maquiagem contábil. Não vai colar PowerPoint com figurinha de otimismo se a execução for de maquiagem de drag queen de domingo.


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Epílogo: O Veredito com Garras, Tinta de Lula e Sombra de Temer

O PLDO 2026 é um desses documentos que tentam agradar Deus e o diabo: promete prudência com um sorriso no canto da boca e uma mão em cima do cofre. Pode funcionar? Pode. Mas só se for executado com disciplina espartana e blindagem contra as tentações do populismo fiscal.

Mas sejamos francos: quando foi a última vez que o Brasil resistiu à tentação de gastar em véspera de eleição?

O que nos resta, então?

Observar. Como predadores de informação. Como traders que conhecem o ciclo. Como o Lagosta que, das profundezas da análise técnica, já vê os sinais de rompimento nessa faixa de Bollinger chamada credibilidade fiscal.


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Para colar na parede da sala de guerra:

> “O PLDO não precisa ser perfeito. Mas se for incoerente, será um tiro na credibilidade. E o mercado não perdoa promessas frouxas com taxas de juros reais de 6%.”




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PS Lagostiano:
Fiquem de olho no Congresso. Se inflarem emendas, é sinal de que o circo começou. Se o BC endurecer o tom, é porque sentiu o cheiro de pólvora. E se a arrecadação não decolar...
Segurem os cintos. O fiscal pode sair do controle antes mesmo da urna ser ligada.

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